Título: Físico brasileiro participou da pesquisa
Autor: Amorim, Cristina
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2007, Vida&, p. A18
Mario Baibich diz que não se sente frustrado por não ganhar o Nobel
O físico brasileiro Mario Norberto Baibich trabalhava no laboratório de Albert Fert, na Universidade Paris-Sul, quando fez, em 1988, as primeiras medições da mudança na resistência elétrica de materiais formados por camadas alternadas, com poucos átomos de espessura, de metais magnéticos e não-magnéticos. O que encontrou o surpreendeu: a resistência variava, mesmo em campos magnéticos não intensos. O fenômeno, batizado de magnetorresistência gigante, tornou possível a miniaturização dos discos rígidos de informática.
Ele assinou o principal artigo científico publicado pela equipe de Fert, que ontem recebeu o Prêmio Nobel de Física pelo feito. Hoje membro do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Baibich diz que não se sente frustrado por não ser premiado também.
¿O prêmio não é só pela descoberta. É por tudo que se fez em volta para levar a descoberta adiante¿, disse. ¿Recebo a notícia com a maior alegria. Fico muito orgulhoso - não só pela premiação mas também pelas conseqüências que vêm surgindo do trabalho.¿
Baibich conta que, no laboratório francês, tinha liberdade para participar ativamente da pesquisa. ¿O pessoal estava testando as multicamadas (de materiais magnéticos e não-magnéticos) e me interessei, estimulado por Fert, em medir a magnetorresistência dessas camadas¿, afirmou. ¿Peguei os resultados, levei-os ao Fert e, numa noite de inspiração, conseguimos achar a explicação para o fenômeno que acabou se mostrando a correta.¿
O brasileiro também acredita que as aplicações da magnetorresistência gigante ainda não foram totalmente trabalhadas. Além da informática, o físico vê sua aplicação no campo da biologia como, por exemplo, para detectar bactérias e vírus. ¿Além disso, há um resultado teórico que indica que o DNA apresenta magnetorresistência gigante.¿