Título: Venezuela dificulta reunião de jornalistas
Autor: Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2007, Vida&, p. A20
Hotéis recusam-se a abrigar a Sociedade Interamericana de Imprensa, que pode mudar local de encontro anual
Pela primeira vez, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) poderá ter de mudar o país escolhido para sediar uma de suas reuniões anuais por pressões governamentais. A entidade pretendia reunir-se em março na Venezuela, mas, após negativas de hotéis de Caracas, Ilha Margarita e Maracaibo, o evento poderá ser organizado em outro país.
¿Todos os hotéis que contatamos dizem que não podem nos hospedar, sem dar explicações. Em Maracaibo, um havia aceitado, mas depois nos ligou dizendo que não poderia mais nos receber. Enxergamos isso como uma pressão externa, uma vez que a entidade tem uma posição bem clara sobre os problemas que envolvem a liberdade de expressão e o governo na Venezuela¿, explica Julio Muñoz, diretor da SIP.
¿Nunca tivemos um problema como esse. Então, o tema será discutido por nosso comitê-executivo e poderemos escolher outro país para sediar a próxima reunião¿, explica.
Os locais que sediam as reuniões da SIP são determinados após convites feitos pelos veículos de comunicação e por jornalistas locais. Ele conta que, no caso da Venezuela, há alguns anos jornais e revistas convidavam a entidade para debater o tema. Era um país que estava na lista de espera para sediar um encontro.
CUBA
De acordo com Muñoz, até hoje o único país onde a SIP tentou organizar o encontro e não conseguiu foi Cuba. ¿Já pedimos visto várias vezes para tentar entrar lá e organizar um evento jornalístico lá, mas nunca recebemos autorização¿, lembrou.
O problema será um dos temas discutidos pela entidade no encontro geral que começará na sexta-feira, em Miami. O objetivo é avaliar avanços e retrocessos na liberdade de imprensa na América Latina nos últimos seis meses. O evento reunirá mais de 500 representantes de jornais e editoras durante uma semana.
Entre os tópicos a serem abordados e que preocupam a entidade estão a prisão de jornalistas independentes em Cuba, o fechamento da Radio Caracas Televisión em maio na Venezuela e o assassinato de oito jornalistas, além do desaparecimento de outros dois em diversas regiões da América Latina.