Título: Inflação sob controle motivou Fed a baixar taxa de juros
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2007, Economia, p. B7
Segundo ata do Fomc, corte também considerou perspectiva de redução do crescimento
Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) estavam cada vez mais confiantes, em setembro, de que a inflação já não representava uma ameaça significativa, ao lado de um setor de moradias 'extremamente fraco', o que abriu caminho para uma redução agressiva das taxas de juro. É o que diz a ata da reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc) realizada em 18 de setembro.
Os participantes da reunião não falaram sobre a direção ou o momento de mudanças na política monetária, e segundo a ata 'ações futuras vão depender de como as perspectivas econômicas tenham sido afetadas pelos acontecimentos nos mercados e por outros fatores'. O documento acrescenta que, 'com a probabilidade de que o crescimento econômico fique abaixo de seu potencial por algum tempo e com dados de inflação favoráveis, parecia improvável que o afrouxamento da política afetasse adversamente a perspectiva da inflação'.
Segundo a ata, os técnicos do Fed previam crescimento econômico 'moderado' no terceiro trimestre, mas rebaixaram suas previsões para o quarto trimestre e para 2008 'e previam um crescimento modesto do desemprego', que levaria a uma redução dos gastos dos consumidores. Os técnicos da instituição também previam que os investimentos das empresas 'se reduzissem levemente'.
Apesar disso, 'com a expectativa de que os mercados de crédito se recuperem, em grande parte, nos próximos trimestres, espera-se que o crescimento real do PIB firme-se em 2009, para um ritmo um pouco acima da taxa de crescimento potencial'.
Os economistas do Fed também rebaixaram 'levemente' suas previsões quanto ao indicador de inflação preferido pelos dirigentes, o índice de preços do consumo expurgados dos preços da energia e dos alimentos. O índice subiu 1,8% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2006, o que está dentro da 'zona de conforto' do Fed.
A ata também diz que os dirigentes do Fed 'reconheceram que os dados sobre o núcleo da inflação continuavam favoráveis'. Segundo o documento, houve mais uniformidade na decisão de reduzir as taxas de juro em setembro do que a votação de dez a zero indicava. Vários presidentes de distritos regionais do Fed, como Charles Plosser (Filadélfia) e Jeffrey Lacker (Richmond), contados entre os mais 'duros' no que se refere à inflação, não estão entre os dirigentes com direito a voto nas reuniões do Fomc em 2007. A ata da reunião, porém, diz que 'todos os membros concordaram' com a redução de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros.
Quanto ao excepcionalmente fraco indicador preliminar do nível de emprego em agosto (payroll), os participantes disseram que o número de postos de trabalho criados 'provavelmente não foi tão fraco como os dados mensais mais recentes sugeriam' (queda de 4 mil, revisados para aumento de 89 mil), mas reconheceram que mais desaceleração no crescimento do nível de emprego 'era provável'.