Título: Arce admite negociar com concessionárias
Autor: Otta, Lu Aiko; Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2007, Economia, p. B4

Mas secretário diz que preço cobrado em SP é justo.

O secretário Estadual de Transportes, Mauro Arce, disse que pode renegociar contratos com as concessionárias das estradas paulistas. Segundo ele, a atual conjuntura econômica e a existência de concorrência no setor são fatores que podem resultar na redução das tarifas dos pedágios. Arce admitiu, porém, que o preço cobrado hoje é adequado para a boa manutenção da malha rodoviária. As estradas paulistas estão entre as melhores do País. 'Renegociar é sempre possível. O que não vamos fazer é romper contratos unilateralmente e acabar com a credibilidade do Estado.'

Para Arce, o modelo das concessões feitas há nove anos foi responsável por colocar as rodovias do Estado como as melhores do Brasil. Os contratos prevêem o pagamento às concessionárias de duas formas: com investimentos na infra-estrutura da estrada pedagiada e com montante em dinheiro a ser destinado para obras em estradas sem pedágio. 'Foi nesse modelo que conseguimos 19 das 20 melhores estradas do País.'

A diferença entre os preços dos pedágios em São Paulo e os que serão praticados nas rodovias federais arrematadas no leilão de concessões realizado anteontem é fruto, segundo Arce, do grande interesse em explorar as estradas pela iniciativa privada. Ele lembrou que, quando o governo paulista fez a primeira licitação para a concessão do complexo Anchieta-Imigrantes, nenhum consórcio se interessou e o Estado teve de arcar com obras na Baixada Santista, e comparou com a situação atual. 'Na disputa pelas sete rodovias federais, entraram 30 consórcios.'

MODELO APROVADO

O governador José Serra (PSDB) disse ter aprovado o modelo das concessões, mas não deixou claro se irá repetir em São Paulo a fórmula. 'São Paulo pode adotar o modelo da União, mas cada caso é um caso, depende da estrada e de tudo o mais.' O governador também evitou falar sobre o preço dos pedágios. 'Depende da concorrência, se o investimento é ou não oneroso.' O secretário Arce, no entanto, considera o cenário animador para futuras negociações. 'Há um universo de empresas interessadas que não foram contempladas no leilão.'

Serra aproveitou para alfinetar o PT de São Paulo e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que o criticam por fazer privatizações no Estado. 'Só precisa avisar o PT, pedir para eles lerem os jornais. Estão amolando a paciência da gente aqui em São Paulo, falando bobagens a respeito de orçamentos, que vai haver privatizações, enquanto o governo federal, em Brasília, faz concessões.' Segundo ele, os manifestantes são do 'kit CUT-PT'.