Título: Economia do mundo em 2007 deve crescer 4,7%
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2007, Economia, p. B10

Instituto prevê que resultado será menor do que em 2006 (5,25%) e queda continuará em 2008.

A economia mundial está desacelerando por causa da redução do crescimento nos EUA, o recente esfriamento na Europa e Japão, preocupações com a inflação chinesa e contaminação da crise das hipotecas de alto risco. Segundo a estimativa do Instituto Peterson de Economia Internacional (IIE), importante centro de pesquisas econômicas, o crescimento mundial deve ficar em 4,75% em 2007, ante 5,25% no ano passado, e cair para 4,25% em 2008.

Mas o Brasil vai continuar com ótimo desempenho econômico. De acordo com o IIE, o País vai crescer 4,75% este ano, diante de 3,7% em 2006, e 4,25% no ano que vem. 'O Brasil está indo muito bem, e não está tão ligado à economia dos Estados Unidos', diz Michael Mussa, economista sênior do IIE. Mussa revisou para cima a previsão de crescimento do Brasil para este ano, de 4% para 4,75%. Já o México, cuja economia depende bem mais de exportações para os EUA, terá crescimento de 3% este ano e 3,25% em 2008.

De acordo com o economista, 'a confiança cada vez maior no controle da inflação' permitiu ao Banco Central cortar a Selic mais do que a queda da inflação, o que resultou em uma redução da taxa real de juros, que estava 'em níveis muito altos'. E isso contribuiu para a ressurgência da demanda doméstica. 'Há espaço para continuar cortando juros, o que deve dar mais estímulo à demanda doméstica.'

O economista elogiou a política fiscal, dizendo que ela 'manteve controle rígido sobre o déficit orçamentário, reduzindo a relação dívida/PIB e aumentando a percepção de que o Brasil não vai voltar às políticas desestabilizadoras do passado'. Um efeito colateral dessas políticas, segundo Mussa, foi a forte valorização do real, que pode ter efeitos maiores sobre as exportações.

O IIE reservou palavras bem menos menos amáveis à Argentina. '(Na Argentina) foi adotada a tática de simplesmente mentir sobre dados de inflação', disse Mussa. 'E os salários nominais estão aumentando rapidamente, o que certamente não é mal para o presidente da Argentina, cuja mulher concorre para sucedê-lo.' Segundo ele, 'políticas como as da Argentina entram em colapso cedo ou tarde e geralmente geram crises'. Mas colapso não parece ser 'iminente' - o IIE projeta o crescimento argentino em 7,5% neste ano e 5,5% no ano que vem.

O crescimento dos Estados Unidos vai diminuir por causa da crise imobiliária, embora não vá sofrer tanto, pois as bolsas de valores continuam com ótimo desempenho e houve aceleração das exportações por causa do enfraquecimento do dólar. O IIE prevê crescimento nos EUA de 2% este ano e 2% no ano que vem. Os economistas não vêem motivo para pânico em relação à crise imobiliária, embora enxerguem fragilidades no sistema financeiro alemão e italiano e uma bolha de preços imobiliários na Espanha e Inglaterra.