Título: Votorantim vai investir R$ 25,7 bi
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2007, Negócios, p. B22

Grupo reforçará a produção em suas principais áreas de atuação: cimento, metais, celulose, suco de laranja e energia

O Grupo Votorantim informou ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pretende investir entre 2008 e 2012 cerca de R$ 25,7 bilhões nas áreas de produção de cimento, metais, celulose e papel e energia.

¿O que estamos fazendo é um choque de oferta¿, afirmou o presidente da Votorantim Industrial, José Roberto Ermírio de Moraes Neto, ao deixar o encontro com o presidente, no Palácio do Planalto.

Os investimentos, de acordo com o executivo, serão destinados ao mercado interno. ¿A economia está no caminho certo¿, disse o empresário, que trabalha com uma expectativa de crescimento anual do PIB de 5% para os próximos anos.

O valor dos investimentos, de acordo com o grupo, é o maior de toda a história do setor privado nacional. ¿Estamos dando um voto de confiança no País¿, afirmou. Do total a ser investido, R$ 8,8 bilhões serão desembolsados no próximo ano. No período de 2001 a 2007, as empresas do grupo investiram R$ 19 bilhões.

Para a economia brasileira, ele disse que não vê no curto prazo problemas sérios a serem enfrentados. ¿Temos desafios de médio prazo como o da formação dos nossos profissionais¿, comentou. Os investimentos anunciados ao presidente Lula deverão gerar 11 mil novos empregos diretos.

ESTRATÉGIA

Com os novos investimentos, o Votorantim pretende reforçar sua atuação em áreas industriais em que já é líder ou quase líder: cimento, metais, papel e celulose e suco de laranja, além de geração de energia para consumo próprio.

Não foram incluidos na conta outras áreas do grupo, como o banco - um dos dez maiores do País - ou a divisão de novos negócios, dedicada a áreas de ponta, como biotecnologia e tecnologia da informação.

Também ficaram de fora eventuais aquisições, embora as compras de empresas no Brasil e no exterior estejam no radar do grupo. ¿Não incluímos as aquisições porque é impossível quantificar as compras de antemão¿, disse José Roberto.

Um dos três maiores grupos industrias do Brasil, o Votorantim tem crescido 26% ao ano e faturou R$ 29 bilhões em 2006. Seu plano é manter o crescimento acima de 10% ao ano até 2011, apostando nos mercados em que o grupo é mais forte, como maneira de tirar proveito do crescimento econômico e se proteger da atual tendência de consolidação no mercado internacional.

AÇO

Os maiores investimentos do grupo serão na área de metais. Foram reservados R$ 11,1 bi para o aumento da produção de zinco, níquel, aço e alumínio.

O plano inclui desde uma nova usina de aços longos em Resende, no Rio de Janeiro, projeto avaliado em R$ 1 bilhão, a investimentos numa unidade de produção de níquel em Montes Claros de Goiás. Com aporte de R$ 2 bilhões, o grupo pretende produzir 25 mil toneladas de níquel contido por ano em Goiás.

O segundo maior investimento será em celulose. Até 2011, o Votorantim quer triplicar sua produção e chegar a 3,9 milhões de toneladas por ano de celulose. Para isso, serão investidos R$ 9,6 bilhões em duas frentes.

O Projeto Horizonte, de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, receberá R$ 4,7 bilhões. Já no Projeto Losango, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, serão investidos R$ 4,4 bilhões.

CIMENTO

Outra área prioritária será a produção de cimento, para atender o crescimento da construção civil no Brasil. Com investimentos de R$ 2,1 bilhões, o grupo quer aumentar a produção - incluindo as subsidiárias na América do Norte - de 31 milhões de toneladas por ano para 40,5 milhões.

A produção de laranjas - para produção de sucos - deverá crescer de 75 milhões de caixas para 115 milhões de caixas, com investimentos de R$ 900 milhões. Os projetos serão concentrados em Catanduva, Matão e Araras, em São Paulo. Uma novidade será o investimento de R$ 211 milhões para substituir o óleo combustível por biomassa (bagaço de laranja e cana) para geração de energia.

Para atender outras áreas do grupo, o Votorantim investirá R$ 2 bi para gerar 1.100 mw de energia, em cinco novas hidrelétricas. A idéia é aumentar de 60% para 70% a geração própria de energia. Hoje, o Votorantim tem 31 hidrelétricas e quatro térmicas. E consome 4% da energia elétrica produzida no País.