Título: Analistas já falam em R$ 1,70
Autor: Pinheiro,Vinícius
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2007, Economia, p. B5

Com a calmaria internacional, País volta a atrair capital.

O dólar pode continuar a cair, e se aproximar de R$ 1,70, segundo analistas e operadores do mercado financeiro. Alexandre Lintz, estrategista do BNB Paribas, diz que, de acordo com as previsões da sua instituição, o dólar chegará a R$ 1,75 no final do ano, e a R$ 1,70 no primeiro trimestre de 2008.

As intervenções do Banco Central (BC), comprando dólares no mercado à vista, têm sido modestas em volume - US$ 150 milhões a US$ 200 milhões, de acordo com fontes do mercado - e não parecem ser suficientes para conter a tendência de valorização do real. Ontem, o dólar chegou a ser negociado a R$ 1,789, mas, com a reviravolta da bolsa - o Ibovespa chegou a subir 1,54%, antes de fechar em queda de 1,17% -, a moeda americana recuperou-se, e fechou em R$ 1,806, em alta de 0,1%.

Para Lintz, a valorização do real está sendo causada pela melhora contínua das condições de risco do País, o que aumenta a qualidade dos ativos brasileiros e atrai mais capital. Ele nota que o BC já vem comprando dólares ao longo dos últimos três anos, sem ter impedido a tendência de valorização do real. Segundo o economista, o Banco Central só tem retirado o excesso de fluxo, fazendo com que não haja alteração da posição dos bancos. ¿Ele não compra mais do que entra, e apenas suaviza a valorização.¿

Segundo Caio Megale, economista-chefe da Mauá Consultoria, depois que as turbulências externas associadas a problemas de crédito se acalmaram, houve um aumento global da busca por ativos de maior risco, como as bolsas dos países latino-americanos. ¿As empresas que pisaram no freio no pipeline de IPOs (aberturas iniciais de capital)estão de volta.¿ Megale projeta que o dólar possa cair para R$ 1,75 até o final do ano.

Outro fator bastante citado para explicar a valorização do real é o movimento global de queda do dólar ante várias moedas. Isso faz com que o dano ao desempenho da balança comercial brasileira não seja tão grande, já que, em relação às moedas dos seus outros parceiros comerciais (além dos Estados Unidos), o real não está tendo um movimento de valorização da mesma magnitude. Com a persistente valorização do real, segundo diversos analistas, aumenta a possibilidade de novos cortes na Selic, a taxa básica de juros.