Título: Dólar cai abaixo de R$ 1,80 antes de intervenção do BC
Autor: Pinheiro,Vinícius
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2007, Economia, p. B5

Cotação chegou a R$ 1,789 - menor valor desde 31 de julho de 2000 -, mas fechou o dia a R$ 1,806.

O dólar comercial manteve a trajetória de queda e chegou a romper a barreira de R$ 1,80 ontem, mas no fim do dia acompanhou a piora das Bolsas e fechou a R$ 1,806, em alta de 0,06%. Ao contrário dos dias anteriores, operadores não observaram um fluxo muito grande de entrada de recursos e atribuíram o movimento de baixa, que se manteve até o meio da tarde, a fatores técnicos.

Veja a evolução do dólar

O Banco Central decidiu atuar comprando dólares apenas à tarde, quando a cotação estava a R$ 1,791, bem perto da mínima do dia, de R$ 1,789 - o menor valor desde o fechamento de 31 de julho de 2000, quando a cotação foi a R$ 1,783.

Após a operação do BC, que coincidiu com a virada dos mercados, a moeda americana passou a subir. Em outubro, o dólar já recuou 1,53%. No acumulado do ano, a baixa chega a 15,45%.

Na avaliação de analistas de mercado, a pressão de baixa deve se manter na próxima semana. ¿É apenas uma questão de tempo para que a cotação siga a trajetória natural e feche abaixo de R$ 1,80¿, afirmou o economista Filipe Albert, da consultoria Tendências. Ele avaliou, porém, que a moeda americana deve apresentar uma recuperação e encerrar o ano por volta de R$ 1,85.

O gerente de Política Monetária do Banco Itaú, Joel Bogdanski, lembra que o real vem se valorizando não apenas ante o dólar como em relação a outras moedas estrangeiras. Para ele, o País deve continuar atraindo recursos externos como resultado do elevado saldo comercial e das altas taxas de juros. Ele explica que muitos investidores se aproveitam desse cenário para tomar empréstimos em moeda estrangeira, com juros menores, e aplicam no País. ¿Além da diferença entre as taxas, o aplicador ainda ganha com a desvalorização cambial do período.¿

Segundo Bogdanski, a queda do dólar pode se intensificar ainda mais caso o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decida manter a Selic em 11,25% na reunião da próxima semana. Na visão do executivo do Itaú, a valorização do real e a queda dos índices de inflação ao consumidor em setembro abrem espaço para que o Copom mantenha o ciclo de corte de juros.

O economista Caio Megale, da Mauá Investimentos, tem uma visão oposta e acredita que uma possível redução na Selic pode contribuir até mais para a valorização do real do que a manutenção da taxa. No entanto, ele acredita que a autoridade monetária deve manter a taxa de juros inalterada em 11,25% ao ano.