Título: O presidente do Senado reassumirá o cargo?
Autor: Lopes, Eugênia., Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2007, Nacional, p. A4

Não

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), avalia que Renan Calheiros (PMDB-AL) não reúne mais as condições necessárias para comandar a Casa e abrirá definitivamente mão do cargo antes de encerrada a licença de 45 dias anunciada anteontem. Para ele, esta será a única alternativa do presidente licenciado se quiser escapar da cassação no Conselho de Ética.

O sr. acredita que o senador Renan Calheiros voltará a presidir o Senado?

Quando Renan se licenciou do cargo, ele tinha plena consciência de que não reunia mais as condições para presidir o Senado. É isso o que eu penso, que ele não reúne mais as condições, pelo conjunto da obra e não por apenas por algum fato isolado. É por todos os fatos que ocorreram nestes quatro meses. Nossa concordância com a volta dele é nenhuma.

Aliados de Renan acusam a oposição de trabalhar para ganhar a presidência da Casa. Como o sr. avalia essa tese?

Rebato isso com um único argumento: levarei ao meu partido, em caso de uma renúncia definitiva de Renan, a proposta de buscarmos um entendimento com o maior partido da Casa para encontrarmos um candidato de consenso à presidência. Se querem justificar a recuperação da imagem do Senado com esse argumento tosco de que queremos a conquista da presidência, coloco este fato. Buscarei inclusive o entendimento com outros partidos de oposição.

Quando o sr. acredita que essa negociação deve começar?

Em 2 de novembro seguramente estará em pauta no Conselho de Ética a votação de mais dois processos: o do Almeida Lima e do Jefferson Péres. Não quero fazer um juízo antecipado, mas dificilmente não haverá um relatório desfavorável a Renan. Chegará aí a hora da verdade no Senado. Haverá um momento, em menos de 20 dias, em que haverá a renúncia ou a votação de um relatório pedindo a cassação. Nessa hora, se discutirá a sucessão.

O sr. avalia então que se ele não renunciar será certamente cassado?

Eu não quero fazer um prejulgamento, mas, pelas evidências que temos hoje, sim. Por essas evidências, se não ocorrer a renúncia, a perda do mandato é um fato concreto.

* Senador, eleito pelo DEM do Rio Grande do Norte, é líder do partido na Casa

Sim

Aliado de Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), afirma que o presidente licenciado tende a retomar todas as suas funções no Senado assim que terminar o prazo de 45 dias, com todas as condições necessárias para exercer o comando da Casa. Apoiado na tese de que o afastamento teve por único objetivo evitar que a crise prejudique a votação de projetos como a CPMF, ele avalia que, até agora, os trabalhos não foram prejudicadas pelas denúncias. Para Raupp, a oposição viu na crise que atinge Renan uma oportunidade, ao perceberem que a situação do senador dificultaria a prorrogação do imposto do cheque.

O sr. acredita que o senador Renan Calheiros voltará a presidir o Senado?

Em princípio sim. Ele tirou apenas uma licença de 45 dias e vai retornar. Eu conversei com ele hoje (ontem) e ele avalia de fato que, como estamos nos aproximando do fim do ano e há esse projeto da prorrogação da CPMF a ser votado, poderia atrapalhar um pouco. Ele se afastou mais por causa disso, para ajudar a votar os projetos que virão neste fim do ano. Quando essas votações terminarem, a tendência é ele voltar.

O que move a oposição nesse processo, na avaliação do sr.?

Em qualquer crise, qualquer problema que venha a desgastar e prejudicar o governo, a oposição se agarra a isso. Esse é um processo natural de quem está na oposição. Aos poucos, eles perceberam que essa crise, de uma certa forma, prejudicava o governo. Prejudicava de que maneira? Poderia atrapalhar votações importantes para o País, como a da CPMF, por exemplo. Eles viram essa oportunidade e foram entrando com toda força.

O sr. acredita que o senador Renan ainda mantém as condições necessárias para presidir a Casa?

Sem dúvida, qualquer crise que envolve parlamentares, principalmente aqueles da mesa, a tendência é de que seja dificultado um pouco o trabalho. Isso é inegável. Talvez, a situação poderia atrapalhar um pouco a votação da CPMF, que tem um prazo de vigência. Mas, no passado, praticamente tudo foi aprovado no Senado. Não havia um quadro que comprometesse o andamento dos trabalhos.

* Senador, eleito pelo PMDB de Rondônia, é líder do partido na Casa