Título: FHC critica Lula por celebrar privatizações
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2007, Nacional, p. A15

Tucano afirma que seu sucessor dizia que medida era ruim para o País, mas agora a adota

Carregando na ironia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso festejou ontem, em palestra na Universidade de Colúmbia, a concretização de uma nova etapa de privatizações, concluída esta semana pelo governo brasileiro. ¿É maravilhoso que o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) esteja celebrando a privatização¿, disse FHC.

Logo o ex-presidente abandonou o tom irônico para lançar farpas diretas contra o seu sucessor, em forte cobrança: ¿Ele se opôs todas as vezes (às privatizações nos governos FHC), dizendo que era ruim para o País. E agora celebra que está fazendo melhor que eu. Isso é maravilhoso¿, reiterou.

Em sua palestra, o ex-presidente brasileiro desfiou queixas amargas sobre críticas que o então oposicionista Lula e seu partido, o PT, lhe fizeram enquanto ele ainda governava: ¿Quando eu estava no governo, o PT criticou tudo o que eu fiz. Então Lula chegou ao poder, e, para minha surpresa, passou a seguir tudo o que eu fiz¿, afirmou, arrancando aplausos da platéia.

Os comentários foram provocados por observações do presidente Lula, publicados por jornais brasileiros, de que a atual administração opera o processo de privatizações melhor que a sua antecessora.

FHC acrescentou que os principais partidos brasileiros têm sido incapazes de produzir presidentes da República. O maior partido, ¿que é o PMDB¿, destacou, ¿tem sido incapaz, até mesmo, de apontar um candidato para a Presidência¿.

Para o ex-presidente, o momento atual é de pensar em políticas anticíclicas. Segundo ele, apesar do bom momento que o Brasil vive, pode-se estar minando o futuro do País. Ele alertou que os gastos públicos estão crescendo acima do PIB. ¿Há um aumento de 10% ao ano no Brasil e não é em investimento público, o que significa que é em pessoal¿, disse. FHC afirmou que ¿a questão não é ter um Estado pequeno, mas ter um Estado competente¿.