Título: Saudosistas são vistos com freqüência nos corredores
Autor: Lopes, Eugênia., Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2007, Nacional, p. A10

Muitos têm planos para tentar se reeleger, mas há os que vão ao Congresso em nome dos velhos tempos

Figurinhas fáceis de encontrar no Congresso, pequeno grupo de ex-parlamentares freqüenta a Câmara e o Senado por absoluto saudosismo. E confessam que fazem planos para tentar se reeleger. Mas há os que passam pela Casa como numa visita.

¿A tribuna me faz falta. Mas não tenho saudosismo. Olho para a frente¿, afirma o ex-senador Hugo Napoleão (DEM-PI), que vai ao Congresso uma vez por semana. Senador por dois mandatos e governador do Piauí duas vezes, Napoleão perdeu a eleição para o Senado em 2006. Sem espaço político no Piauí para concorrer ao mesmo cargo, se prepara para, em 2010, disputar a Câmara.

¿Sem dúvida sinto saudades do parlamento¿, admite o ex-deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ), que vira-e-mexe é visto pelos corredores da Câmara. No ano passado, não conseguiu se eleger para a Câmara, depois de ter comandado a Petro-Rio, subsidiária da Petrobrás, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

¿Sou um saudosista. Isto aqui é uma atração irresistível para quem gosta de fazer política¿, afirma o ex-deputado José Luiz Clerot (PMDB-PB), que decidiu não mais se candidatar depois de sofrer enfarte em 2002.

Derrotado nas eleições em 2002 para a Câmara e após ver seu nome rejeitado pelos senadores para dirigir a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o ex-deputado Luiz Alfredo Salomão (PDT-RJ) quer esquecer o Congresso e garante que não pretende mais concorrer a nada. ¿Não sinto nenhuma atração pelo parlamento¿, desdenha o pedetista, que há uma semana passeava pela Câmara depois, segundo ele, de ausência de quase três anos de Brasília.

Aos 74 anos, com a aparência rejuvenescida à base de muito botox, o ex-deputado José Lourenço (BA) reconhece que sente saudades da Câmara, onde exerceu mandato durante 20 anos. ¿Mas é uma saudade morna, que mato quando venho a Brasília e vou almoçar com os amigos¿, afirma Lourenço, que hoje não está filiado a nenhum partido. Ele deixou o então PFL, hoje DEM, depois de desavenças com o senador Antonio Carlos Magalhães, morto em julho. ¿Não quero ter mais mandato¿, garante o ex-todo-poderoso líder do PFL na Constituinte, em 1988.

Presidente da Companhia de Energia de Brasília (CEB), depois de ser candidato derrotado a vice-presidente na chapa do tucano Geraldo Alckmin em 2006, o ex-senador José Jorge (DEM-PE) não tem mandato, mas não perdeu velhos hábitos. ¿Meu gabinete era vizinho à barbearia do Senado e até hoje venho aqui cortar o cabelo¿, conta ele, que teve mandato durante 24 anos na Câmara e no Senado. ¿É difícil não sentir saudades depois de tanto tempo aqui.¿