Título: D. Odilo é nomeado cardeal por Bento XVI
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2007, Vida&, p. A26

Lista divulgada ontem pelo papa inclui outros três latino-americanos

O papa Bento XVI anunciou ontem a nomeação de 23 novos cardeais, entre os quais o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer, de 58 anos, o único brasileiro da lista. Dez são europeus, três latino-americanos, dois norte-americanos, dois africanos e um asiático. Outros nomeados são ¿três venerandos prelados e dois beneméritos eclesiásticos¿, não eleitores, que receberam o título ¿por seu compromisso a serviço da Igreja¿. Com essas nomeações, sobe para 122 o número de eleitores - aqueles com menos de 80 anos de idade que poderiam votar num conclave para a escolha do novo papa. A entrega das insígnias cardinalícias - anel e barrete - está marcada para 24 de novembro.

¿Estou muito feliz, por mim e por São Paulo¿, disse d. Odilo ao comentar a escolha de seu nome. Gaúcho de Cerro Largo, onde nasceu em 21 de setembro de 1949, o novo cardeal cresceu na colônia Dois Irmãos, distrito de Toledo, no oeste do Paraná, para onde sua família se mudou. Donos de uma fazenda, seus pais tinham plantações de arroz, feijão, café, milho e mandioca. Criavam gado, porcos e galinhas. D. Odilo e seus dez irmãos passaram a infância entre a escola e a roça.

O cardeal teve uma carreira rápida. Nomeado bispo auxiliar do cardeal d. Cláudio Hummes em 2002, foi eleito secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no ano seguinte e promovido a arcebispo em março. Tomou posse em abril, dez dias antes da chegada de Bento XVI a São Paulo. ¿Atribuo a rapidez às circunstâncias, pois substituí d. Cláudio quando ele foi transferido para a Congregação para o Clero e depois precisei assumir a arquidiocese, porque como arcebispo seria o anfitrião do papa.¿ A elevação ao cardinalato também ocorreu mais depressa do que se esperava.

D. Odilo é o quinto cardeal na história de São Paulo. Os outros foram d. Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, d. Agnelo Rossi, d. Paulo Evaristo Arns e d. Cláudio Hummes - os dois últimos eméritos, d. Paulo por limite de idade e d. Cláudio por sua remoção para o Vaticano. Embora não haja oficialmente sedes cardinalícias, algumas arquidioceses são consideradas sedes por tradição, como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

Com a nomeação, o Brasil passa a ter quatro cardeais eleitores: d. Geraldo Majella Agnelo, de Salvador; d. Eusébio Scheid, do Rio; d. Cláudio Hummes, da Cúria Romana, e d. Odilo Scherer. Os outros cinco brasileiros, com mais de 80 anos, são arcebispos eméritos que não podem mais participar de um eventual conclave - d. Eugenio Sales (Rio), d. Paulo Arns (São Paulo), d. Aloísio Lorscheider (Aparecida), d. Serafim Fernandes Araújo (Belo Horizonte) e d. José Freire Falcão (Brasília).

¿Nada muda na minha rotina de arcebispo, mas como cardeal assumirei outras funções a serviço da Igreja e do papa¿, observou d. Odilo, ainda sem saber quais serão os cargos que Bento XVI lhe confiará.

Como membro do clero romano, ele será patrono de uma igreja ou basílica de Roma - um título simbólico. Ao assumir responsabilidades na Cúria, como membro de congregações ou conselhos, d. Odilo terá de viajar com freqüência ao Vaticano.