Título: Albino dá consultoria a deputado alagoano
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2007, Nacional, p. A4

Já faz algum tempo que José Albino Gonçalves de Freitas não atua como assessor do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas até hoje dá expediente no Congresso. Atualmente, ele presta consultoria ao deputado alagoano Francisco Tenório (PMN), embora não tenha vínculo empregatício com a Câmara.

¿O Albino trabalha no meu gabinete, prestando assessoria para mim¿, reconheceu Tenório. ¿Mas agora não sei se ele vai permanecer no meu gabinete¿, complementou, numa referência às revelações que apontam para a ligação do ¿consultor¿ com o mais recente escândalo envolvendo o presidente licenciado do Senado.

Albino não apareceu esta semana na Câmara para trabalhar. De acordo com o deputado, ele é funcionário do Estado de Alagoas e, por isso, não recebe salário da Câmara.

Tenório garantiu que não sabia dos negócios de seu assessor com empresas fantasmas e obras com dinheiro público em prefeituras de Alagoas. Mesmo assim, fez questão de defender o presidente licenciado do Senado. ¿O Renan não merece tudo o que está passando¿, lamentou, para rapidamente se esquivar do assunto. ¿Mas não quero entrar na discussão que envolve o Renan.¿

O deputado alagoano não quis detalhar como Albino foi parar em seu gabinete. Políticos de Alagoas contam, no entanto, que sua influência dentro da bancada do Estado é antiga. Viria da época em que Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão de Renan e hoje deputado, era secretário de Infra-Estrutura do governo de Alagoas, entre 1997 e 1998.

BRIGA

Albino brigou com Renan no ano passado, quando o então presidente do Senado decidiu apoiar a candidatura do tucano Teotônio Vilela ao governo de Alagoas. O ex-assessor ficou ao lado do usineiro João Lyra, que perdeu a eleição.

Lyra é ex-aliado e hoje inimigo político de Renan. Foi ele quem fez a denúncia de que o senador teria utilizado laranjas para a compra de duas emissoras de rádio e um jornal no Estado - acusação que virou processo no Conselho de Ética do Senado.