Título: PSOL apresentará 6ª denúncia
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2007, Nacional, p. A4

`Estado¿ revelou repasses para empresa fantasma

Autor de três das cinco representações no Conselho de Ética contra o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o PSOL dará entrada na quinta-feira a uma nova denúncia: a de que o senador permitiu o repasse de R$ 280 mil a uma empresa fantasma de um ex-assessor. Segundo revelou o Estado no domingo passado, a empresa KSI Consultoria e Construção Ltda. recebeu esse dinheiro para construir 28 casas em Murici, cidade da família Calheiros.

O convênio 1197/04, assinado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Prefeitura de Murici, se sustentava em recursos obtidos graças a uma emenda de Renan ao Orçamento-Geral da União de 2004. A última parcela do convênio, equivalente a R$ 56 mil, acabou de ser liberada pela Funasa para a prefeitura. A empresa, porém, não existe.

FILHO

O contrato foi assinado em 2005 porum filho do senador - o prefeito de Murici, Renan Calheiros Filho, também do PMDB. Procurado ontem pela reportagem, o prefeito não foi encontrado para comentar as suspeitas sobre o convênio.

A empresa contratada para o projeto, a KSI, foi criada em 2001 pelo ex-assessor de Renan José Albino Gonçalves de Freitas. A reportagem apurou que a empresa nunca existiu e foi beneficiada com contratos em outras prefeituras do interior de Alagoas - todas com recursos provenientes do governo federal, entre 2002 e 2004.

Para a presidente do PSOL, a ex-senadora Heloísa Helena (AL), adversária de Renan, o procedimento de enviar recursos da União e contratar empresas suspeitas caracteriza o ¿propinódromo entre o Executivo e o Legislativo¿.

¿O dinheiro proporcionado pelo tráfico de poder e influência vai para empreiteira e daí se perde na corrupção¿, afirmou Heloísa.

As obras de construção de moradias teriam sido realizadas, segundo registra a Funasa. Em conversa com a reportagem, no entanto, o ex-assessor de Renan admitiu que a KSI repassou os serviços para terceiros.

Apesar de não exercer mais o mandato - tendo retornado à atividade de professora universitária -, a ex-senadora foi mais de uma vez acusada pelo senador de patrocinar medidas contra ele por interesses políticos locais. Ela nega.