Título: Líder chinês propõe diálogo de paz a Taiwan
Autor: Barella, José Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2007, Internacional, p. A13

No entanto, Hu Jintao adverte contra qualquer tentativa da ilha de declarar a independência

O presidente chinês, Hu Jintao, alertou ontem que a intenção do governo de Taiwan de buscar a independência, mesmo abrindo mão do nome de República da China, jamais será tolerada por Pequim. Por outro lado, Hu prometeu fazer tudo a seu alcance para ¿buscar uma reunificação que interesse às duas partes¿.

Em seu discurso de inauguração do 17º Congresso do Partido Comunista, Hu ofereceu conversações sobre um acordo formal de paz com Taiwan, mas a vaga proposta incluiu precondições anteriormente consideradas inaceitáveis pelo governo de Taipé.

¿Gostaria de fazer um apelo solene: com base no princípio de uma China, vamos discutir o fim formal do estado de hostilidade entre os dois lados e alcançar um acordo de paz¿, disse Hu aos mais de 2 mil delegados reunidos no Grande Salão do Povo. Pequim considera Taiwan - para onde fugiram os nacionalistas derrotados pelos comunistas em 1949 - uma ¿província rebelde¿ e ameaça usar a força militar, se necessário, para evitar uma independência formal da ilha. O governo democrático de Taiwan exige conversações sem precondições.

A China está particularmente preocupada com as eleições presidenciais de Taiwan, que ocorrerão em março. Também teme que os taiwaneses tentem testar os limites da tolerância do governo chinês durante a Olimpíada de Pequim, em 2008. No mês passado, o governista Partido Democrático aprovou uma resolução convocando um referendo sobre a soberania da ilha.

Mas, dentro do jogo geopolítico regional, são quase nulas as chances de sucesso do movimento articulado pelo partido governista. Taiwan tem investimentos pesados no continente. O governo taiwanês diz que foram investidos US$ 49 bilhões entre 1989 e 2006, mas muitas empresas têm usado várias estratégias para driblar o limite legal de investimentos em outros países, que é de 40% do capital. Uma declaração de independência provocaria um conflito de conseqüências imprevisíveis, que não interessaria a ninguém - nem mesmo aos EUA, que ontem elogiaram a oferta de diálogo, qualificando-a de ¿um passo na direção correta¿.