Título: Derrubada em MT cresce pelo quarto mês
Autor: Amorim, cristina
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2007, Vida&, p. A16

Corte de florestas no Estado alcançou 262 quilômetros quadrados

O novo boletim do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), editado mensalmente pelas organizações não-governamentais Imazon e Instituto Centro de Vida (ICV), mostra uma tendência de crescimento da derrubada em Mato Grosso pelo quarto mês consecutivo.

Segundo o SAD, que conta com informações obtidas por satélite, o corte no Estado alcançou 262 quilômetros quadrados. Isso representa um aumento de 245% em relação a julho e um crescimento de 147% em relação a agosto de 2006. A maior parte do desmatamento (75%) ocorreu em propriedades rurais. Menos de 3% foram registrados em assentamentos de reforma agrária e 22%, em áreas protegidas (terras indígenas e unidades de conservação).

Os meses de outono e inverno no Sudeste são considerados ¿verão¿ na Amazônia. É quando as chuvas diminuem, o que permite a derrubada de grandes áreas e queimada. Neste ano, a seca que atingiu a região foi particularmente forte, o que permitiu a proliferação de ações predatórias.

CALOR

O SAD também mostra que o número de focos de incêndio cresceu em Mato Grosso neste verão amazônico. Nos meses de junho a setembro de 2007, foram registrados 44.621 pontos, um aumento de 72% com relação ao mesmo período do ano anterior, quando houve 25.938 focos de calor.

Como as queimadas são um indicativo de áreas desmatadas, o pesquisador Adalberto Veríssimo, do Imazon, acredita que a tendência de desmatamento em Mato Grosso seguirá pelo menos por setembro. As imagens ainda estão sendo processadas.

¿Maio, junho, julho e agosto mostraram crescimento da taxa de desmatamento. Setembro deve seguir o mesmo caminho. Se havia uma tendência de baixa, os números mostram que a curva mudou de direção¿, afirma. ¿No caso de Mato Grosso, o papel do preço das commodities é muito importante na queda e na retomada do desmatamento. O próprio governador, Blairo Maggi, disse recentemente que `a fera acordou¿.¿

Outra informação presente no SAD é número ainda alto de ilegalidade envolvida na ação. Apenas 17% do desmatamento registrado em agosto deste ano ocorreu em propriedades rurais cadastradas na Secretaria de Meio Ambiente do Estado - 57% aconteceram em áreas fora do sistema.

Mesmo entre as cadastradas, o índice de irregularidade é alto. A grande maioria, 86% delas, não respeitou a reserva legal, área do terreno que deve ser preservada pelo Código Florestal (80% no caso da floresta amazônica e 50% no cerrado). Apenas 13,6% das propriedades registradas respeitaram a lei - o que representa somente 2,42% da área total desmatada em Mato Grosso durante agosto.

¿O governo é o único que pode arbitrar o ganho em curto prazo com o corte¿, diz Veríssimo. ¿Essa dinâmica não é interessante para o Brasil.¿

FOGO

No mês estudado, os assentamentos no Estado desmataram 8 quilômetros quadrados, ou 2,8% do desmatamento total. Quanto às queimadas do início do ano até setembro, contudo, o número é alto: 5.405 focos de calor, ou 12% do período. As terras indígenas também contribuíram para elevar a taxa de queimada no período. Foram registrados 5.337 pontos ( 12%).

Links Patrocinados