Título: Descoberto dinossauro gigante na Patagônia
Autor: Cimieri, Fabiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2007, Vida&, p. A19

Animal é um dos três maiores do mundo e foi encontrado por equipe de especialistas brasileiros e argentinos; ele mede mais de 30 metros

Fabiana Cimieri

Paleontólogos brasileiros e argentinos anunciaram ontem a descoberta do mais completo dinossauro gigante já encontrado. Batizado de Futalognkosaurus dukei, ele media de 32 a 34 metros de comprimento e 10 metros de largura. É um dos três maiores do mundo já localizados.

Partes do seu esqueleto foram encontradas às margens do Lago Barreales, no norte da Patagônia, no ano 2000, em um projeto de pesquisa sobre dinossauros brasileiros e argentinos. O resultado da descoberta foi publicado na última edição dos Anais da Academia Brasileira de Ciências. A espécie pertence a um novo grupo de dinossauros herbívoros, batizado de titanossauros, que são encontrados na América do Sul, África e Índia. A idade estimada do animal é de 88 milhões de anos.

O maior dinossauro brasileiro encontrado até então, o Maxakalisaurus topai, tinha 13 metros de comprimento e sua réplica está montada no Museu Nacional, no Rio. A equipe do paleontólogo Jorge Calvo descobriu a primeira vértebra do dinossauro de grande porte no ano 2000. Na mesma camada de terra, de apenas meio metro de espessura, batizada de Formação Portozuelo, foram encontrados mais de mil outros fósseis de diversos tipos de animais e plantas. O sítio arqueológico tem 400 metros quadrados e é considerado pequeno.

¿Grande parte desses fósseis têm a mesma idade, o que indica que eles provavelmente faziam parte do mesmo ecossistema¿, afirmou o paleontólogo brasileiro Alex Kellner, que faz parte da equipe. Esse é o maior depósito de que se tem notícia do período chamado de Cretáceo Superior, compreendido entre 99 milhões e 600 mil anos e 65 milhões e 500 mil anos atrás, aproximadamente.

Além do Futalognkosaurus dukei, os paleontólogos descobriram outros tipo de dinossauros - saurópodes, terópodes, ornitópodes -, pelo menos duas espécies de crocodilomorfos e animais carnívoros. Foram encontrados ainda os primeiros peixes da região e plantas que existem até hoje.

NA MARGEM DO RIO

A explicação para a concentração de fósseis é a de que no local onde está o sítio ficava um rio. Assim, o Futalognkosaurus e outros animais teriam morrido à sua margem. Chuvas fortes teriam levado esses restos mortais para dentro do rio. Devido ao seu tamanho, a carcaça ficou parcialmente enterrada e a parte exposta agiu como uma barreira natural, fazendo com que outros restos de organismos se acumulassem.

Durante a divulgação, foram apresentadas réplicas de uma vértebra da cauda e outra do pescoço. Também foram encontrados ossos da região dorsal e bacia do animal. Ele não foi reconstituído pelo alto custo da operação, orçada em US$ 100 mil.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio (UFRJ), da Universidade Nacional del Comahue (Patagônia) e da Universidade Nacional de Cuyo. O financiamento é da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio (Faperj).