Título: Terapia pode causar diabete e hipertensão
Autor: Pereira, Rodrigo; Scinocca Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2007, Metropole, p. C3

Índice de reincidência entre pedófilos tratados nos EUA foi de apenas 5%

Ouça áudio do urologista Miguel Srougi

Fabiane Leite

O professor titular de Urologia da Universidade de São Paulo Miguel Srougi disse ontem que há estudos que comprovam os efeitos do controle hormonal sobre o impulso criminoso de pedófilos. Mas alertou sobre o riscos de a terapia provocar problemas graves para a saúde, como diabete e hipertensão.

¿É complicado você injetar algo que pode ter efeitos deletérios¿, afirmou Srougi, que falou em tese sobre o caso da terapia hormonal oferecida a pedófilos por um ambulatório da Faculdade de Medicina do ABC. Ele citou estudos feitos nos Estados Unidos segundo os quais a reincidência nos crimes sexuais foi de 5% entre condenados submetidos à terapia hormonal, ante índices até 70% entre aqueles que cumpriram apenas pena de prisão. ¿Entre o controle e a prisão, melhor o controle.¿

Para o psiquiatra Pedro Gabriel Delgado, coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, o tratamento oferecido no ambulatório do ABC não é ético. ¿Entendo as razões diante da gravidade do problema. Mas considero a medida inadequada. Todos os tratamentos que sejam equivalentes a amputação funcional contrariam a ética médica.¿ Delgado destacou, porém, que o ministério ainda não debateu o assunto.

O principal hormônio aplicado na terapia, o acetato de medroxiprogesterona, não tem o uso contra distúrbios sexuais aprovado no País - só a utilização como anticoncepcional é reconhecida. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária diz que o médico tem autonomia para prescrever drogas para o uso que achar necessário, desde que se responsabilize por isso.

O psiquiatra Danilo Baltieri, que emprega o tratamento no ambulatório, afirmou se basear em diretrizes de entidades científicas. Apesar disso, ele enviou a terapia para avaliação do Comitê de Ética da Faculdade de Medicina do ABC - ainda não concluída. O Conselho Regional de Medicina disse que não tem como interferir no caso, se, somo alega Baltieri, a terapia se baseia em normas de entidades médicas.

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