Título: Tesouro dos EUA coordenará fundo
Autor: Mello, Patricia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/10/2007, Econimia, p. B3
Papel será de atrair instituições financeiras, mas ajuda para conter estragos da crise deve vir dos próprios bancos
O superfundo de US$ 100 bilhões que vai ajudar os bancos a conter os estragos da crise do mercado de hipotecas (subprime), anunciado ontem por um grupo de grandes bancos nos Estados Unidos, não deverá contar com dinheiro público. O Tesouro americano, porém, vai funcionar como avalista informal, atraindo instituições para o Fundo Master de Aumento de Liquidez (Master Liquidity Enhancement Conduit).
Alguns investidores apóiam o papel do Tesouro na coordenação do fundo, que vai comprar papéis de curto prazo de fundos que não conseguem compradores e correm o risco de quebrar. Outros acham que os bancos deveriam pagar pelas apostas erradas e entendem que intermediar o plano de resgate cria ¿risco moral¿, ou seja, pode incentivar as instituições a serem inconseqüentes, ao criar a sensação de que sempre haverá alguém para salvá-los.
A estruturação do superfundo começou há quatro semanas, quando o Tesouro convocou uma reunião com dez bancos, entre eles o Citigroup, para discutir uma solução para o problema dos SIVs - structured investment vehicles, ou veículos de investimentos estruturados -, que emitem papéis de curto prazo e usam os recursos levantados para investir em títulos que dão retorno maior.
O Tesouro americano se recusava a criar um ¿Proer¿ bancado pelos cofres públicos, mas queria facilitar um consórcio privado para evitar mais turbulências no mercado. A criação do superfundo vazou para a imprensa na sexta-feira, mas só foi confirmada ontem.
O Citigroup é o que mais se beneficia, porque tem bilhões de ativos em SIVs. JP Morgan e Bank of America não têm SIV, mas vão se beneficiar do superfundo por comissões ao gerar negócios e taxas de administração, além de evitar uma queda geral nos preços dos ativos, o que poderia ocorrer caso não houvesse o resgate.
¿Trata-se de uma solução pragmática, era preciso ter liquidez, semelhante ao que ocorreu após a crise da Coréia¿, disse ao Estado uma fonte que está acompanhando as negociações. ¿Mas ainda não há muitos detalhes sobre como vai funcionar o fundo e, como se sabe, o diabo está nos detalhes.¿