Título: DF fez contrato irregular com Gautama, diz CGU
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2007, Nacional, p. A14

Diante dos resultados de auditoria, Controladoria-Geral da União recomenda devolução de R$ 1,5 milhão aos cofres do governo federal

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou irregularidades na execução do contrato firmado entre a construtora Gautama e o governo do Distrito Federal para construção de 26 barragens na bacia do Rio Preto. Diante dos resultados, a CGU recomendou que o governo do DF devolva à União R$ 1,570 milhão. Este é o primeiro resultado de fiscalização sobre contratos feitos entre a administração pública e a empreiteira investigada durante a Operação Navalha, da Polícia Federal, e declarada inidônea pela CGU no fim de julho.

O corregedor-geral do Distrito Federal, Roberto Gifone, afirmou que aguarda o recebimento do relatório da CGU para verificar quais autoridades estão envolvidas. A CGU vai buscar cobrar dos responsáveis o ressarcimento. ¿Não há possibilidade de o governo do Distrito Federal ser responsabilizado diretamente¿, garantiu.

Gifone afirmou que uma avaliação está sendo realizada também para verificar o quanto a administração perdeu com a transação. ¿O mais importante é que todo prejuízo não fique sem ressarcimento. Seja para o governo federal, seja para o governo do Distrito Federal.¿

O contrato com a Gautama foi firmado em 2000, no valor de R$ 145 milhões. A auditoria concluiu que a empreiteira subcontratou, de forma irregular, outras empresas para fazer as barragens. A Gautama nega as irregularidades.

A transação foi lucrativa para a empreiteira, que atuou como mera intermediária. Segundo auditoria, o o governo do Distrito Federal pagou R$ 1,57 milhão à empreiteira pelo projeto executivo, levantamento topográfico, estudo de impacto ambiental e serviços de sondagem. A empresa pagou para as subcontratadas: R$ 798.684. Auditores argumentam que os serviços não constavam do plano ou são incompatíveis com o desenvolvimento do projeto, por questões ambientais e, por isso, a restituição deve ser integral.

A CGU apontou indícios de irregularidades na concorrência. O Ministério da Integração Nacional repassou R$ 5 milhões. A diferença para o R$ 1,57 milhão, atualizada, foi restituída ao governo federal, mas o ministério alega que a devolução foi feita a menor em R$ 50 mil, o que motivou a abertura de processo de tomada de contas especial.

A CGU encaminhará o relatório à Casa Civil, ao Tribunal de Contas da União, à Polícia Federal, à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Integração Nacional.