Título: Motorista que matou ciclista vai a júri por crime intencional
Autor: Cimieri, Fabiana., Figueiredo, Talita
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2007, Metrópole, p. C12

Ele estava bêbado quando atingiu rapaz em canteiro no DF

A Justiça de Brasília denunciou pela primeira vez uma pessoa que matou no trânsito por homicídio doloso (intencional) e decretou a prisão preventiva de outra, de forma que possam ser condenados a até 20 anos de cadeia.

Na quarta-feira, o juiz João Egmont Lopes, titular do Tribunal do Júri, acatou denúncia do Ministério Público e pronunciou o motorista Leonardo da Costa como réu por homicídio doloso. Em agosto de 2006, ele invadiu a faixa presidencial do Eixão Sul e atropelou o ciclista Pedro Davison, de 25 anos. Costa dirigia bêbado e estava em alta velocidade.

A decisão de julgar Costa por crime doloso ainda permite recurso mas, se confirmada, será a primeira vez que um assassino de trânsito vai a júri popular. Até agora, eles só eram processados por crime culposo, cuja punição quase sempre se resume a indenização pecuniária e penas alternativas. ¿A decisão não traz meu filho de volta, mas cria um novo paradigma de justiça e ajuda a impedir que outras famílias chorem a perda de seus entes queridos de forma tão estúpida¿, disse Pérsio Marco Antônio Davidson, pai de Pedro.

O rapaz acabara de se formar em biologia e, além de praticar ciclismo, era engajado em causas ecológicas. A colisão foi tão forte que a bicicleta foi parar 150 metros adiante. O motorista fugiu sem prestar socorro, mas foi apanhado em uma blitz logo em seguida. Com carteira de motorista vencida, ainda tentou escapar, mas foi alcançado. Preso, pagou fiança de R$ 2 mil e foi liberado.

A morte causou comoção na cidade. Pintada de branco, a bicicleta virou um monumento à paz no trânsito e está exposta até hoje no canteiro do Eixão. No despacho, o juiz observa que Leonardo assumiu o risco de produzir o crime, ao invadir uma faixa proibida em alta velocidade.

Anteontem, o juiz Lopes já havia decretado a prisão preventiva do professor de Educação Física Paulo César Timponi, acusado de - também bêbado e em alta velocidade - ter causado um acidente na Ponte JK, matando três mulheres, no dia 6 deste mês. A polícia encontrou cocaína, maconha e latas de cerveja no seu veículo. Testemunhas revelaram que Timponi fazia um racha com outro veículo, quando atingiu o carro das vítimas, que não usavam cinto de segurança.