Título: Singh está otimista em relação ao Brasil
Autor: Kuntz, Rolf
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2007, Economia, p. B6
Para diretor do FMI, País constrói as bases para crescer a médio prazo
O Brasil está construindo as bases para um maior crescimento a médio prazo, disse ontem o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Anoop Singh, conhecido na América do Sul por seus entreveros com os governos locais nas crises dos anos 90. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) permitirá eliminar gargalos, argumentou, e os investimentos públicos e privados estão em expansão. ¿Não estou pessimista quanto ao Brasil¿, disse o economista.
Bem ao contrário, sua entrevista sobre a América Latina teve um tom otimista. Ele ressaltou o bom desempenho das economias da região durante as turbulências financeiras de agosto e setembro e a rápida recuperação dos mercados de ações e de câmbio.
Mas a economia mundial ainda sofrerá efeitos da crise no mercado hipotecário, e isso afetará o crescimento nos Estados Unidos e noutros países avancados. Haverá reflexos nos países emergentes e em desenvolvimento, e por isso as estimativas de expansão da América Latina foram rebaixadas para 4,5% no próximo ano, embora tenham sido mantidas em cerca de 5% para 2007.
Anoop Singh evitou polemizar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo o Fundo, a economia brasileira deve crescer 4,4% neste ano e 4% no próximo. Mantega disse que a análise é equivocada e o País deve crescer perto de 4,8% neste ano e cerca de 5% em 2008. Anoop Singh apenas comentou que a economia brasileira, com crescimento acumulado de cerca de 5%, em termos anuais, até o segundo trimestre deste ano, vai bem e está criando condições para melhor desempenho a médio prazo. Também evitou polemizar sobre a política de câmbio, limitando-se a dizer que a política de metas de inflação tem funcionado bem no Brasil e a estratégia cambial continua subordinada a essa política.
Singh falou sobre a redução da pobreza, que foi cortada pela metade na Argentina entre 2002 e 2006, caindo para 23%. No Brasil, nesse período, diminuiu de 34% para 27%. ¿Pobreza declinante¿, afirmou, é em si mesma uma condição para o crescimento sustentável.