Título: Eike fez fortuna com ouro e fama com projetos polêmicos
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2007, Economia, p. B11

Empresário comanda variedade de negócios avaliados em US$ 10 bilhões

O empresário Eike Batista comanda hoje um conjunto de negócios que avalia em US$ 10 bilhões. Mas foi com apenas um produto, o ouro, que ele começou a enriquecer. Depois de revender ouro e iniciar a exploração do metal na Amazônia, virou acionista da canadense TVX Gold até o fim dos anos 90. No período, acumulou US$ 500 milhões, mas nunca pôde partir para outro negócio, por exigência do conselho de acionistas e recomendação dos analistas de mercado.

¿Fiquei como uma mula durante 20 anos. Esbarrei em dezenas de minas de outros minérios, mas diziam que dentro da TVX, não (podia). Era monocultura.¿ O polêmico empresário, agora, não tem do que reclamar. O grupo que dirige, chamado EBX, se diversificou.

Depois de ganhar destaque na mídia pelas disputas envolvendo uma termoelétrica que foi obrigado a vender para a Petrobrás, a rumorosa separação da modelo Luma de Oliveira e o cabo-de-guerra com o governo de Evo Morales na Bolívia, Eike agora aparece como um empresário à frente de projetos nas áreas de mineração, que continua sua atividade principal, além de energia, logística, mercado imobiliário, siderurgia e entretenimento.

Em paralelo, negocia com o governo Evo a retomada da sua siderúrgica no país. ¿Diria que até o fim do ano acertamos os ponteiros.¿ Eike também está empenhado em trazer atrações para o Rio, como uma moderna barca de R$ 40 milhões para fazer tour pela Baía da Guanabara. E quer instalar uma base fixa do Cirque du Soleil na cidade, agregado a um shopping e restaurantes, um empreendimento entre US$ 120 milhões e US$ 150 milhões.

EMPRESAS

O grupo EBX agrega um grupo de empresas, todas terminadas na letra X, ¿um símbolo de multiplicação de negócios¿. Nos últimos anos, criou a MMX (mineração), a LLX Logística (que abrange os projetos dos portos no Rio e em São Paulo), a MPX (geração de energia) e a OGX Oil&Gas. A estimativa é de que a MMX já vale perto de US$ 6 bilhões. O modelo tem sido estruturar as empresas e abrir o capital, o que já foi feito com a MMX. Até o fim do ano, fará a oferta inicial de ações (IPO) da LLX e da MPX.

Na área de logística, o principal projeto é o Porto Brasil, em Peruíbe (SP), de cerca de R$ 6 bilhões. A idéia é permitir a operação de supernavios, que hoje não atracam no País. Há projetos para outro porto, do Açu, no norte do Rio, que envolve também um mineroduto e a parceria da Anglo-American (49%).

Na área de energia, a MPX planeja ofertar quase 10 mil megawatts (MW), nos próximos três a quatro anos. A maior parte gerados em térmicas a carvão e gás. Esta semana, a empresa vendeu em leilão a energia de duas termoelétricas, uma no Maranhão e outra no Ceará, no total de 1.080 MW.

A OGX participará do próximo leilão de blocos de petróleo e gás da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em novembro. Eike contratou o ex-presidente do BNDES e da Fosfértil, Francisco Gros, para comandar o negócio. E trouxe ainda o geólogo da Petrobrás Paulo Mendonça.