Título: Investimento deve crescer 20% nos próximos cinco anos, diz BNDES
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2007, Economia & Negocios, p. B1

Levantamento preliminar feito pela instituição revela que serão aplicados entre R$ 1,2 trilhão e R$ 1,3 trilhão

Fernando Dantas

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) constatou um aumento de 20% nas intenções de investimento na economia brasileira para os próximos cinco anos, na comparação entre os quadriênios 2007-2010 e 2008-2011, o que significa uma elevação do total de R$ 1,050 trilhão para algo entre R$ 1,2 trilhão e R$ 1,3 trilhão. Esses dados, ainda preliminares e sujeitos a revisão, referem-se aos investimentos que transitam de alguma forma pelo BNDES.

Segundo Ernani Torres, superintendente da Secretaria de Assuntos Econômicos (SAE) do BNDES, essas informações fazem parte de um estudo detalhado das intenções de investimento para o período 2008-2011, que será divulgado nas próximas semanas, e é semelhante ao que foi realizado em 2006, para o período 2007-2010. 'Estamos vivendo a maior onda de investimento no Brasil desde os anos 70.'

A onda de investimentos iniciada em 2006, com um ritmo quase três vezes superior ao da produção industrial, pode fazer com que a utilização da capacidade instalada já comece a cair em meados de 2008, permitindo que o Produto Interno Bruto (PIB) mantenha um forte ritmo de crescimento sem pressões inflacionárias.

A reavaliação para cima do volume de investimentos também ocorre setorialmente. Segundo a Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim), as empresas do setor devem investir US$ 18,2 bilhões até 2012, valor 16,6% superior ao levantamento de 2006.

'Temos três projetos em andamento para aumentar a capacidade instalada da empresa, um entra em operação no meio do ano que vem, outro no final e o terceiro é uma fábrica nova, para meados de 2009', diz Fernando Figueiredo, vice-presidente da área química da Basf para a América do Sul. Ele prefere não detalhar estes projetos, para 'não alertar os concorrentes'. Mas Figueiredo observa que, nos últimos cinco anos, a Basf ampliou a capacidade produtiva de diversas das suas linhas de produto, como a de insumos para fabricação de tintas, de isopor e de calçados.

A Klabin, empresa integrada de base florestal focada nas embalagens de papel, está num ciclo de investimentos de R$ 2,2 bilhões, iniciado em 2006 e projetado até 2008. A fábrica de Monte Alegre (PR), de papel e de cartões, está elevando a sua capacidade de produção de 700 mil para 1,1 milhão de toneladas por ano. 'É para esta área que vai grande parte daquele investimento', explica Miguel Sampol, diretor geral da Klabin.

No segmento de papelão ondulado e de sacos industriais, a capacidade da Klabin em 2008 atingirá respectivamente 550 mil toneladas e 140 mil toneladas, crescendo cerca de 10% ante 2007, nos dois casos.

Na Randon, fabricante de implementos rodoviários e ferroviários, veículos especiais, autopeças e sistemas automotivos, com sede em Caxias do Sul (RS), o diretor corporativo e de relações com os investidores, Astor Milton Schmidt, informa que a empresa investiu continuamente na expansão da capacidade nos últimos 6 a 7 anos: 'Estamos avançando dentro da passada que o mercado sugere'. Na unidade de implementos rodoviários, como reboques e semi-reboques, a Randon saiu de uma capacidade de 65 unidades por dia em 2006 para algo próximo a 85 em 2007, e a estimativa é que seja necessário chegar a 95 em 2008.

Na indústria automobilística, os anúncios de investimento até 2011 soma aproximadamente R$ 10 bilhões e podem aumentar. Em julho, o chairman e presidente da GM, Rick Wagoner, anunciou investimentos de US$ 500 milhões na Argentina e no Brasil, em uma nova família de veículos pequenos para os países emergentes. 'Estamos dando seqüência a uma nova fase de investimentos para suporte ao contínuo crescimento na América Latina e ao redor do mundo', disse Wagoner na ocasião. Foram também anunciados na última semana investimentos na fabricação de caminhões pela Ford e pela Iveco.

Em Manaus, seis novos fabricantes de motocicletas, a maior parte de capital ou tecnologia chinesa, devem elevar o potencial produtivo em 230 mil unidades por ano. E a Honda, responsável por 80% do mercado, abriu negociações em setembro de uma área contígua à sua fábrica de Manaus, para mais uma unidade que levará a produção anual de 1,35 milhão para 2 milhões. A Sundown está expandido a fabricação anual de motos de 94 mil para 140 mil.

A Mangels, empresa de aços, rodas, cilindros e galvanização, anunciou recentemente a construção das suas quinta e sexta fábricas: uma unidade de chapas de aço para a indústria metalúrgica, em Manaus, com início de produção previsto para janeiro de 2009; e mais uma fábrica de rodas de alumínio em Três Corações (MG).

Na área de cimento, um dos anúncios de investimento de destaque vem da Camargo Correia, que vai aplicar R$ 4,1 bilhões neste segmento (de um total de R$ 10,3 bilhões) entre 2008 e 2012.