Título: Escândalo e cerco político completam 5 meses amanhã
Autor: Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2007, Nacional, p. A4

Denúncia de que lobista custearia despesas pessoais de Renan abriu caminho para mais 5 processos

A crise envolvendo o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) completa amanhã cinco meses, marcados por uma seqüência quase diária de denúncias e bombardeio político, que culminaram com a sua licença da presidência do Senado, há duas semanas, pelo prazo de 45 dias. Antes do escândalo, Renan era um dos parlamentares mais respeitados no Senado, com trânsito livre no governo e na oposição.

O primeiro caso despontou em 25 de maio, quando a revista Veja revelou que Cláudio Gontijo, lobista da empreiteira Mendes Júnior em Brasília, pagaria despesas pessoais de Renan. Isso incluía pensão e aluguel para a jornalista Mônica Veloso, com quem o senador teve uma filha fora do casamento. O senador negou tudo, primeiro em discurso da presidência, depois em entrevistas e pronunciamentos.

Mônica, que este mês trocou as páginas políticas pela Playboy, confirmou as denúncias. O cacique se complicou ao apresentar a sua defesa, colocada em xeque por duas perícias da Polícia Federal , e surgiram suspeitas sobre o seu patrimônio.

Alvo de representação do PSOL, processado pelo Conselho de Ética, mesmo assim ele conseguiu a absolvição em plenário, em 12 de setembro. Aquela votação, secreta e tumultuada, não foi suficiente, porém, para afrouxar o cerco da oposição.

No segundo processo, Renan foi acusado de interceder em favor da Schincariol no INSS e na Receita Federal. Isso após a venda de uma fábrica de refrigerantes de sua família para a empresa, por cifra acima do valor de mercado.

Na terceira denúncia, ele é suspeito de ter usado laranjas na compra de duas rádios e um jornal, em transação de R$ 2,5 milhões. A denúncia foi feita pelo usineiro João Lyra, um ex-aliado.

O quarto processo foi aberto com base na denúncia de arrecadação ilegal em ministérios do PMDB. Já o último processo veio da informação de que um assessor de Renan, Francisco Escórcio, tentou espionar dois senadores da oposição em Goiás.

Após a licença veio nova revelação - segundo reportagem do Estado, ele destinou emenda de R$ 280 mil para a empresa fantasma de um ex-assessor. Renan alega inocência em todos os processos.