Título: Promotor acusa Renascer de falsa filantropia
Autor: Westin, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2007, Vida&, p. A23
Segundo Ministério Público, igreja usa doações de fiéis para enriquecer líderes, não para cuidar de obra social
Há duas semanas, homens da força de elite da Polícia Civil e funcionários do Ministério Público de São Paulo inspecionaram três instituições sociais mantidas pela Igreja Renascer em Cristo. Ontem, os resultados foram tornados públicos. Segundo o promotor responsável pelo caso, a igreja, ao contrário do que afirma, não destina às obras sociais o dinheiro doado pelos fiéis. As instituições teriam de conseguir recursos por conta própria. A Renascer reagiu dizendo que a acusação é falsa.
¿A situação nessas instituições é precária. As doações não vão para as instituições, mas para o patrimônio pessoal dos chefes da Renascer¿, disse o promotor Marcelo Mendroni. Ele calcula que as doações dos fiéis totalizam R$ 2,5 milhões por mês no País.
Mendroni acrescentará as informações obtidas nos três locais como novas evidências no processo judicial em que os líderes da Renascer, Sonia e Estevam Hernandes, são réus por lavagem de dinheiro. Ambos estão presos nos EUA, condenados por tentar entrar no país, neste ano, com dólares não declarados. No Brasil, existe uma ordem de prisão preventiva decretada dos dois.
As três instituições em questão ficam na Grande São Paulo - um centro para crianças em situação de risco na capital, outro em Franco da Rocha e um centro para dependentes de drogas em Santana de Parnaíba. Segundo o Ministério Público e a Polícia Civil, esses locais tinham comida estragada e más condições de higiene. Em depoimento aos oficiais, uma ex-funcionária que está processando a Renascer disse que crianças atendidas precisavam trabalhar. O Ministério Público encaminhará os relatórios à Vigilância Sanitária e à Vara da Infância.
A Igreja Renascer afirmou que a ação do Ministério Público foi uma ¿perseguição religiosa, das mais cruéis que se tem notícia¿ no Brasil. O Estado visitou ontem a entidade que cuida de crianças em São Paulo, na favela de Heliópolis, duas semanas após a inspeção da polícia e da Promotoria, e não viu problema aparente.