Título: Ricos sobretaxam importações
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2007, Economia, p. B6

Subsídios de EUA e UE equivalem a taxa extra de 21%

Os países ricos concedem subsídios agrícolas em valores mais elevados que nos anos 80 e a distorção é equivalente a uma taxa extra de 21% sobre produtos brasileiros exportados para a Europa ou os Estados Unidos. No caso do açúcar, a barreira é equivalente a uma taxa de 97%. Os dados são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A entidade aponta que, em comparação com o total da produção agrícola dos países ricos, está havendo queda na ajuda estatal nos últimos anos, graças às altas nos preços das commodities. Os subsídios representaram 39% do valor da agricultura dos países ricos em 1986, ante 29% em 2005 e 27% em 2006. No Brasil, somente 6% da produção agrícola é subsidiada.

Os países ricos concederam US$ 268 bilhões em subsídios aos seus produtores em 2006, ante US$ 242 bilhões há 20 anos e US$ 280 bilhões em 2005. A queda nominal é de 4,7% entre 2005 e 2006. Mas mais de US$ 20 bilhões acima das taxas dos anos 80. O cálculo não inclui nem a ajuda alimentar dada pelo governo americano, de cerca de US$ 31 bilhões, nem os subsídios ao etanol e outros serviços.

Para a OCDE, as distorções produzidas nos países emergentes por esses subsídios continuam altas. A entidade pede que os governos reformem suas políticas para o setor.

Entre os 30 países mais ricos da OCDE, as variações são grandes. Na Nova Zelândia, apenas 1% da agricultura é subsidiada. No Japão, a taxa chega a 55% e, na Suíça, supera os 60%.

Nos Estados Unidos, a OCDE observa uma queda considerável dos subsídios. A taxa passou de 25% da produção em 1999 para 11% em 2006, de US$ 29 bilhões. Entre 2005 e 2006, a queda teria sido de 30%. Mas a entidade alerta para a volatilidade no sistema americano. Em 1995, a taxa já havia sido parecida com a de 2006. Mas os subsídios explodiram nos anos seguintes, diante da queda nos preços das commodities e da necessidade de garantir apoio aos produtores. Os cálculos não incluem vários programas de apoio camuflados.

Na União Européia, os subsídios representam 32% da produção, ante 40% em 1999. Mas, em termos nominais, aumentou 2% entre 2005 e 2006, chegando a US$ 137,9 bilhões.