Título: Proximidade do investment grade atrai estrangeiros
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2007, Economia, p. B4

Farta liquidez mundial e melhora nos fundamentos econômicos põem o País na rota dos investidores

O vigoroso apetite dos investidores estrangeiros pelo Brasil é resultado de uma conjunção de boas notícias na economia mundial e do esforço interno para cumprir o dever de casa exigido pelo mercado. ¿Ao melhorar seus fundamentos econômicos, o País entrou no radar dos estrangeiros como o próximo a receber o investment grade¿, destacou o economista da Ágora Sênior, Álvaro Bandeira.

Ele destaca, porém, que o fluxo cada vez maior de recursos para o País é fruto da elevada liquidez internacional provocada pelo robusto crescimento da economia mundial. Com dinheiro sobrando, os investidores buscam oportunidades de negócios que lhes dêem o maior retorno possível. E isso dificilmente tem ocorrido nos países desenvolvidos, onde as taxas de crescimento estão menores comparadas as de emergentes.

Nesse cenário, o Brasil caiu no gosto dos estrangeiros, que estão antecipando a chegada do investment grade, esperado para o ano que vem. Trata-se da maior classificação de risco que um país pode receber. Tradicionalmente, os meses que antecedem o up grade é marcado por um intenso fluxo de investimento estrangeiro no mercado financeiro local, como está ocorrendo com o Brasil agora.

¿As agências apenas ratificam os preços que o mercado já estabeleceu para os ativos. A novidade vem antes do investment grade¿, destaca o professor do MBA em Finanças do Ibmec São Paulo, Marcelo Guterman. Mas, como alguns fundos de investimento mantêm em seus estatutos a regra de apenas investir em países com status de investment grade, a tendência é o fluxo de capitais aumentar ainda mais em direção ao mercado brasileiro após o recebimento da nota. Na avaliação dele, hoje o preço dos ativos nacionais está muito barato comparado a seu risco.

FUNDAMENTOS

Apesar dos inúmeros acertos que o Brasil ainda precisa fazer e das reformas urgentes, os fundamentos econômicos em ordem - com inflação controlada e superávit primário dentro da meta - tem agradado bastante aos economistas internacionais. Como dizem no mercado, o País tem sido um bom aluno e está fazendo o dever de casa direitinho. ¿Mas é preciso continuar validando os fundamentos. Chegar ao investment grade é maravilhoso. Cair na classificação de risco é devastador¿, alerta o sócio-líder de serviços financeiros da consultoria KPMG, Ricardo Anhesini.

Para o diretor da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Alberto Kiraly, do lado da atividade, o avanço do consumo, impulsionado pela expansão do crédito, dá uma boa perspectiva de crescimento do País e projeta melhora nos resultados das empresas. O que significa boa oportunidade de ganhos para o investidor. ¿.