Título: Despesas federais crescem até em anos sem eleições
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2007, Economia, p. B8
`Pelo menos não vão nos acusar de fazer gasto eleitoreiro¿, diz o ministro Paulo Bernardo
Ao contrário do que ocorreu no início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a chamada ¿era Palocci¿, o governo não está mais comprometido com as metas de não elevar a carga tributária e de conter as despesas. ¿Aos poucos, o segundo mandato Lula vai assumindo mais carga tributária, mais gasto público e mais Estado¿, disse o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero. ¿O expansionismo fiscal adquire uma feição mais programática.¿
Ele analisou o comportamento das contas de Estados e municípios e comparou-o com o desempenho das finanças federais. A conclusão é que, em 2007, o governo federal rompeu com a tradição de, nos anos pós-eleitorais, segurar as despesas para fazer caixa para o fim do mandato. Já os Estados e municípios mantiveram essa lógica.
Trata-se de uma dinâmica que pode ser acompanhada pelo volume economizado, o chamado superávit primário. No período de 12 meses terminados em agosto de 2007, Estados e municípios acumularam um superávit equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). É uma economia recorde, influenciada pelo ciclo eleitoral e também pelo fato de os governadores novos levarem algum tempo para organizar a máquina antes de começar a gastar em investimentos. Em agosto de 2006, a economia dos Estados e municípios acumulada em 12 meses era menor: 0,8% do PIB.
No governo federal, observou-se o contrário. Nos 12 meses terminados em 2006, a economia era de 2,42% do PIB. Um ano depois, em vez de subir, o superávit primário caiu para 2,2% do PIB. A economia menor é resultado do crescimento das despesas. ¿Pelo menos não vão nos acusar de fazer gasto eleitoreiro¿, ironizou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. ¿De fato, o governo, depois da eleição, teve uma mudança importante de enfoque. Continuamos empenhados em fazer superávit fiscal, empenhados numa política rigorosa para não ter inflação, em diminuir a dívida pública em relação ao PIB. Mas queremos ajudar no crescimento econômico do País e continuar fazendo crescer o poder aquisitivo da população, gerar emprego.¿
A maior dinâmica nos gastos não se dá apenas por causa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujo ritmo em que foi posto em prática, depois de alguns tropeços iniciais, aponta para o crescimento das despesas em 2008. Há elevação também nos gastos na área social, segundo os dados exibidos pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em 2002, as despesas com programas sociais foram de R$ 177,6 bilhões. Em 2006, elas estavam em R$ 249,3 bilhões.
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