Título: Renan deve renovar licença e continuar longe
Autor: Samarco, Christiane; Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2007, Nacional, p. A10

Aliados acreditam que é sua melhor opção para contornar clima hostil e salvar o mandato

O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve renovar a licença médica de dez dias que o mantém afastado da Casa desde a semana passada. A conselho de amigos, ele está recolhido na residência oficial e não pisa no Congresso desde que o laudo médico que recomenda a realização de exames de rotina foi entregue à Mesa Diretora. O atestado justifica sua ausência só até sexta-feira, mas Renan foi alertado por companheiros de partido e líderes da base e da oposição de que o melhor é continuar longe do Senado mais uns dias, se quiser salvar seu mandato.

Um dos amigos de Renan diz que a temperatura da crise baixou, mas o clima geral no plenário ainda lhe é hostil. Segundo um líder aliado, que prefere manter o anonimato, ¿a irritação do Senado com ele diminuiu bastante¿, mas não o suficiente para livrá-lo da cassação. Esse líder acredita que, se o julgamento fosse hoje, ¿o risco de condenação seria muito alto¿. Ele está convencido de que o tempo conspira a favor do peemedebista e a ¿submersão¿ é sua única alternativa.

PAUSA

Ao mesmo tempo, o PMDB suspendeu temporariamente as articulações sobre a sucessão de Renan. Em reunião com a bancada, o líder do partido, Valdir Raupp (RO), fez um apelo aos colegas, pedindo que adiassem a discussão do assunto enquanto o senador estiver licenciado.

O temor de Raupp é que a legenda fique fragilizada com a exposição de candidatos e sujeita a uma guerra de dossiês. ¿Daqui a pouco ficamos sem nomes¿, advertiu o líder à bancada, manifestando a preocupação de que adversários iniciem uma campanha para ¿queimar¿ prováveis concorrentes ao cargo de Renan. Apesar dos apelos de Raupp, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) anunciou ao partido a intenção de disputar a presidência da Casa, caso Renan decida renunciar ao posto.

Mesmo afastado do Senado, Renan tem mantido contatos freqüentes com senadores governistas e de oposição. O momento de maior tensão dos últimos dias foi na manhã de sábado, quando foi informado de que uma reportagem publicada pela revista Veja dava conta da existência de um dossiê contra o senador Jefferson Péres (PDT-AM) e insinuava que ele, Renan, era o responsável por sua ¿divulgação¿ aos senadores.

Péres é o relator de um dos processos por quebra de decoro que tramitam no Conselho de Ética do Senado - aquele em que Renan é acusado de usar laranjas para comprar rádios e um jornal em Alagoas. Por isso mesmo, o senador peemedebista agiu rápido. Tratou de telefonar para Péres no sábado mesmo, negando ter relação com o dossiê. E não parou aí: encarregou seus advogados de preparar um documento, lido por Péres ontem da tribuna, em que se refere ao relator como ¿exemplo de coerência política, lisura e honradez¿.

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