Título: Congonhas tem 31% de atrasos
Autor: Fernandes, Nalu., Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2007, Metrópole, p. C5

Pela manhã, passageiros enfrentaram longas filas; Infraero culpou mau tempo e GP Brasil

O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, viveu ontem uma manhã de atrasos e longas filas nos balcões de check-in. Os transtornos foram causados por uma combinação atípica, segundo a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero): o aumento da procura por passagens no dia seguinte ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e o acúmulo de vôos no início da manhã, reflexo da suspensão das operações após a forte chuva que atingiu a capital paulista na noite de domingo. Entre meia-noite e 21 horas, a Infraero contabilizou atrasos em 78 dos 246 vôos (31,7%) programados e 31 cancelamentos (12,6%). No início da tarde, porém, o índice de atrasos chegou a 42,1%.

Irritados com o caos e a falta de informação no saguão de embarque, muitos passageiros decidiram apelar para o Juizado Especial Cível. Até as 19 horas, 44 reclamações haviam sido ajuizadas só no posto de Congonhas. Dessas, apenas 12 terminaram em acordo. O total de queixas é superior às 40 registradas na segunda-feira da semana passada.

Muitos passageiros madrugaram no aeroporto ou bancaram transporte e hotel por causa da chuva que fechou Congonhas. Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o engenheiro agrônomo Antônio Rosa, de 55 anos, teve seu vôo da TAM com destino a Campo Grande cancelado quando já estava na sala de embarque.

¿Deram um número para revalidar o bilhete, mas ninguém atendia e aí foram se formando filas imensas e confusão no balcão de atendimento¿, disse Rosa. Ele contou que, no início da manhã, a polícia teve de ser chamada para evitar tumultos e até os policiais se surpreenderam com a resposta do supervisor de atendimento da TAM no aeroporto. ¿Ele teve a desfaçatez de dizer que a gente tinha de procurar a Justiça.¿

O prefeito de Jaguaré (ES), Rogério Feitani (PMN), decidiu dividir o táxi e o hotel com dois comerciantes da cidade, que o acompanharam para assistir ao GP. Os três tiveram o vôo para Vitória, marcado para às 20h40 de domingo, cancelado às 22 horas. No guichê da TAM, um funcionário disse que, desde as mudanças operacionais no aeroporto, a empresa não paga mais acomodação, transporte ou alimentação quando há atrasos. ¿Guardamos as notas fiscais e vamos procurar a Justiça¿, prometeu Feitani.

A assessoria da TAM informou que tem como política providenciar acomodação para quem não reside em São Paulo, mas que ontem teve dificuldades para encontrar vagas nos hotéis, por causa do GP. Os demais passageiros, segundo a companhia, foram orientados a remarcar os bilhetes para o dia seguinte. A TAM informou ainda que, por causa das limitações de Congonhas, não se responsabiliza por conexões ¿montadas¿ pelos passageiros.

Levantamento sobre as primeiras duas semanas de funcionamento do Juizado Especial Cível nos Aeroportos de Congonhas e Cumbica, em Guarulhos, mostra que os atrasos lideram o ranking de queixas dos passageiros. Quase 40% das reclamações são relativas a vôos que partiram ou chegaram fora do horário previsto pela companhia aérea. Em segundo lugar nesse ranking está violação ou extravio de bagagem, seguida por falta de informação das companhias.