Título: Para FHC, terceiro mandato de Lula é grande insensatez
Autor: Kresch, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2007, Nacional, p. A5

Em Israel, ex-presidente afirma que a medida seria ato `antidemocrático¿

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) classificou de ¿grande insensatez¿ a idéia de um terceiro mandato para o seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na opinião do tucano, que desembarcou ontem em Israel para ministrar uma palestra sobre cenário político e econômico brasileiro na Universidade de Tel Aviv, um novo mandato seria ¿antidemocrático¿.

¿Acho isso uma insensatez tão grande... O presidente Lula queria tanto a reeleição e conseguiu: foi reeleito. Imagina se ele agora vai entrar nessa de terceiro mandato? Duvido. Seria um absurdo¿, afirmou FHC, presidente por dois mandatos, de 1995 a 2002. ¿Uma questão é a reeleição, que é uma coisa normal, existe na maioria dos países. Outra questão é a extensão do mandato. Iria no caminho de um mandato indeterminado, o que é antidemocrático.¿

A posição de Fernando Henrique parece coincidir com a do próprio Lula, que no último sábado rejeitou proposta de terceiro mandato sugerida por seus aliados políticos. O presidente alegou ser favorável à ¿alternância do poder¿ e afirmou que não há ¿pessoas insubstituíveis na política¿.

Apesar da objeção ao terceiro mandato, FHC ponderou que a questão não deve entrar na negociação entre o PSDB no Senado e o Palácio do Planalto para a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011. Para o ex-presidente, a bancada tucana na Casa não deveria ameaçar interromper a negociação caso os aliados de Lula insistam nessa articulação, como chegou a defender o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

¿Eu não acho que o PSDB tem que colocar isso como uma questão de `só voto se...¿. Afinal, há outras razões para se discutir a CPMF, não só a reeleição¿, explicou Fernando Henrique. De acordo com o ex-presidente, o PSDB precisa continuar negociando um eventual apoio à emenda da CPMF.

¿Temos que examinar. Precisamos mesmo da CPMF? No passado, precisávamos. Não posso ser incoerente quanto a isso. Mostramos que era necessário. Mas, de lá para cá, a situação fiscal melhorou. A arrecadação aumentou muito. Então, o governo precisa dar sinais de que vai reduzir (a carga tributária)¿, defendeu o ex-presidente.

Em sua viagem a Israel, Fernando Henrique está acompanhado de sua mulher, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Antes da palestra na Universidade de Tel Aviv, que o convidou para o evento, o tucano teve um encontro com o presidente israelense, Shimon Peres, com quem tomou café da manhã em Jerusalém.

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