Título: Resultado parcial dá vitória a Cristina
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2007, Internacional, p. A7
Bocas-de-urna também mostram triunfo da primeira-dama já no primeiro turno; oposição denuncia irregularidades
A primeira-dama e senadora Cristina Fernández de Kirchner venceu as eleições presidenciais argentinas, indicaram resultados oficiais preliminares e pesquisas de boca-de-urna. Apuradas 29% das mesas eleitorais, Cristina tinha 43% dos votos. A boca-de-urna do canal de TV Todo Noticias (TN) havia atribuído à primeira-dama 46,3% dos votos. A candidata da Frente pela Vitória, sublegenda do Partido Justicialista (peronista), obteve o número de votos necessário para vencer no primeiro turno - mais de 40% e uma vantagem de 10 pontos em relação ao segundo colocado ou acima de 45%, com qualquer diferença para os demais candidatos. No Hotel Intercontinental de Buenos Aires, usado como comando de sua campanha, Cristina proclamou sua vitória por ampla margem. ¿Mas isso, longe de nos colocar em uma posição de privilégio, nos coloca em uma posição de grande responsabilidade e obrigações¿, declarou a centenas de partidários ao lado do marido, o presidente Néstor Kirchner.
Cristina conquistou mais do que o dobro dos votos obtidos por Kirchner, em 2003 (22%). Analistas indicam que o sistema ¿hiperpresidencialista¿ de Kirchner dos últimos anos se aprofundará no governo de Cristina, definida como ¿autoritária¿ pelos críticos. Na hora de depositar seu voto, em Río Gallegos, Cristina tropeçou em um dos fotógrafos e desequilibrou-se. Irritada, ela deu uma bronca nos jornalistas que estavam ao redor.
Elisa Carrió, da centro-esquerdista Coalizão Cívica, tinha 23,7% dos votos na boca-de-urna do canal TN e 19,9% nos resultados preliminares. O ex-ministro de Economia Roberto Lavagna, do partido Uma Nação Avançada, estava ligeiramente atrás de Elisa na apuração parcial, com 19,7% dos votos. Mas todas as pesquisas de boca-de-urna o colocavam em terceiro lugar, com aproximadamente 13% dos votos e as autoridades eleitorais advertiram que os números parciais ainda não incluíam as cidades mais populosas.
Partidos de oposição denunciaram o desaparecimento de cédulas de seus candidatos em vários pontos da Província de Buenos Aires, onde vivem 37% dos mais de 27 milhões de eleitores. Dezenas de pessoas telefonaram às rádios, dizendo que não conseguiram votar por falta de cédulas.
A eleição foi considerada um plebiscito do governo e uma espécie de reeleição, já que o poder continuará com o casal Kirchner até 2011, a não ser que ocorram novas turbulências políticas na Argentina. Entre os desafios de Cristina está o de concluir o mandato. Dos 47 presidentes da história da Argentina, somente 14 conseguiram completar o mandato. Desde a volta à democracia, em 1983, somente Carlos Menem e Kirchner chegaram até o fim.
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