Título: Tumulto na entrega de manifesto
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2007, Nacional, p. A5
Cida Fontes
O segundo debate sobre a CPMF, realizado ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, produziu cenas de constrangimento para os senadores da oposição e do governo. Todos foram surpreendidos com a chegada à sessão de manifestantes com um abaixo-assinado contra a cobrança do tributo.
Os papéis, assinados por cerca de 1,3 milhão de pessoas, foram descarregados de carrinhos de supermercado e empilhados nas mesas, provocando tumultos e reclamações dos senadores, que mal conseguiam enxergar a fisionomia dos quatro convidados para a audiência pública. A cena foi planejada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que já encerrava sua exposição.
Skaf sustentou que o governo tem condições de extinguir o tributo. Ele argumentou que em 11 anos a contribuição arrecadou R$ 200 bilhões e não resolveu a crise na saúde. ¿A única chance que temos para desonerar impostos é rejeitar agora a CPMF¿, afirmou.
Na ausência de líderes governistas, o ex-ministro e deputado Antonio Palocci (PT-SP) enfrentou sozinho as críticas. Mesmo senadores da base, como Mozarildo Cavalcante (PTB-RR) e Valter Pereira (PMDB-MS), manifestaram dúvidas em votar com o governo. ¿Me sinto traído. A CPMF foi criada para salvar a saúde, mas mudou para pior¿, atacou.
No fogo cruzado, Palocci admitiu que a contribuição é cumulativa e defendeu a redução gradual e de longo prazo da alíquota, hoje de 0,38%. Mas advertiu sobre ¿riscos¿ de uma desordem nas contas públicas sem a prorrogação.
O aumento dos gastos do governo foi apontado como um dos motivos que dificulta o fechamento das contas. Pressionado, Palocci propôs a criação de metas para cortar despesas, mas a idéia não avançou. Esse ponto é o que mais gera dificuldades nas negociações entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o PSDB para aprovar a emenda da CPMF.
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