Título: Para senador, citação na lista é obra de desafetos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2007, Nacional, p. A9

Delcídio compara caso à denúncia de propinas em Furnas na época da CPI

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) suspeita que seu nome foi incluído no livro-caixa para prejudicar sua imagem e abalar sua reputação política. Não identificou os desafetos que podem ter armado a trama contra ele, mas fez uma comparação. ¿Essa lista lembra a lista de Furnas 2, é a mesmíssima coisa.¿ A lista de Furnas é um documento que circulou em Brasília no auge da CPI dos Correios, apontando nomes de políticos tucanos em um esquema de propinas que jamais foi comprovado. ¿É a lista Furnas 2, as coisas se repetem em forma de farsa¿, revidou o senador.

Ele disse que está disposto a colaborar com a Procuradoria da República se for aberta investigação. Delcídio deslocou-se ontem para Campo Grande a fim de levantar o que há contra ele. Saiu convencido de que não existe nenhuma prova contra si. ¿Todo o Brasil sabe da minha atuação na CPI dos Correios e como isso provocou um desgaste do meu nome no partido. Se alguém tivesse informação que pudesse me comprometer teria divulgado já naquela ocasião.¿

Ele destacou as divergências com Zeca do PT. ¿São divergências de há muito tempo. Como é que eu poderia receber alguma coisa a mando dele? Fosse um cara meu amigo até poderiam desconfiar, mas o Zeca... Não posso falar em nomes, mas quem garante que não incluíram meu nome e o de outros na lista? É uma sacanagem.¿

Delcídio lembrou que Zeca do PT é ligado ao ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), alvo maior da CPI dos Correios. ¿Andei checando com algumas pessoas citadas no livro, elas também estão estupefatas¿, prosseguiu o senador. ¿Tem alguma coisa mal contada nisso. Quem pode garantir que não é uma chantagem? O alvo da investigação é o Zeca, quanto mais gente for citada melhor, mais espalha responsabilidade.¿

Ele criticou o Ministério Público. ¿Está ocorrendo uma série de precipitações, com a divulgação de pseudodocumentos que nem sequer foram investigados. É tudo uma ilação.¿

¿A prova é ridícula¿, avalia Ricardo Tosto, advogado do senador. ¿Não tem testemunha, nem delação. Delcídio não tem nenhum envolvimento nisso. Ele é o maior interessado na investigação.¿

Egon Krakhecke, que foi vice de Zeca do PT, disse ter sido surpreendido com a citação de seu nome. ¿Estou perplexo. Não sei do que se trata. Minhas contas estão à disposição para quem quiser olhar, não tive evolução de patrimônio.¿

Egon anotou que sua relação com o ex-governador não era afinada. ¿Nunca fiz parte do núcleo do poder, a despeito de ter sido vice-governador. Meu contato com ele (Zeca) era esporádico.¿

O deputado Vander Loubet (PT-MS) garantiu que jamais recebeu pagamento do suposto mensalão. Newley Amarilla, advogado de Zeca do PT, afirmou que o ex-governador não cometeu irregularidades durante os oito anos de governo. Newley já conseguiu suspender na Justiça uma das denúncias do Ministério Público.