Título: Jobim defende reajuste de 27% para militar e reequipamento das Forças
Autor: Monteiro, Tania
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2007, Nacional, p. A10

Ministro diz que vai trabalhar dentro do governo para que aumento salarial seja dado até o fim deste ano

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu a concessão de aumento salarial para os militares até o fim deste ano. ¿É a esperança, e vou trabalhar junto ao governo¿, declarou ele, em entrevista, ao fim de audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo Jobim, o reajuste é uma questão de emergência que tem de ser solucionada. Ele informou ainda que na semana que vem pretende fechar essa discussão no ministério, levá-la ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e partir para uma análise com a área econômica.

De acordo com o ministro, o aumento dos militares é uma decisão política e, por isso, ele quer discutir os índices antes de colocá-los no papel. O estudo que existe no Ministério da Defesa prevê reajuste de 27,62%.

Jobim não quis confirmar se endossará esses índices do estudo, alegando que estão ainda em análise. Ele também não quis falar sobre a discussão que existe entre concessão de reajustes diferentes para quem é da ativa e quem é da reserva. ¿Vamos ter de estudar isso com mais tempo. Temos uma questão emergencial provisória e depois virá a discussão ampla e definitiva¿, disse ele. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) rechaçou a possibilidade de reajustes diferenciados e declarou ter certeza de que os comandantes militares não concordarão com isso.

INSATISFAÇÃO

A discussão sobre a questão salarial nas Forças Armadas cresceu nas últimas semanas com o aumento da insatisfação da categoria. Esta semana, cerca de 150 militares da reserva se reuniram no Clube do Exército, em Brasília, e o principal assunto da pauta foi o descontentamento com os salários e a preocupação com a possibilidade de concessão de aumentos diferenciados.

Na audiência, ontem, o próprio Jobim reconheceu as diferenças que existem em relação a outras categorias. Comparou o salário de um juiz substituto com dois anos de carreira, que ganha R$ 19 mil, e o de um oficial-general quatro estrelas, que ganha R$ 11.573 brutos e R$ 8 mil líquidos, com mais de 40 anos de carreira. O ministro observou que, com o reajuste de 27,62%, o impacto no orçamento deste ano é de R$ 1,68 bilhão; de R$ 5,89 bilhões, em 2008, e, a partir de 2009, de R$ 8,32 bilhões.

QUESTÃO NACIONAL

Jobim disse ainda que a sociedade brasileira tem de se envolver na discussão de uma política de defesa estratégica. Ele defendeu o reequipamento das Forças Armadas como uma questão nacional e afirmou que já conseguiu aumento do orçamento do ministério de R$ 6 bilhões para R$ 9 bilhões, podendo chegar a R$ 10 bilhões, e anunciou para o ano que vem a garantia de repasse de R$ 1,8 bilhão para reaparelhamento das três Forças. Segundo ele, esse valor poderá ser ainda incrementado com mais um R$ 1 bilhão, por meio de créditos suplementares.

O ministro voltou a pregar o fortalecimento da indústria de defesa nacional e tentou minimizar a decisão da Venezuela de se armar e a preocupação de diversos setores, inclusive os militares, sobre o assunto. ¿Não entramos em corrida armamentista¿, declarou Jobim, acrescentando que o Brasil não pode pautar sua conduta na questão de reequipamento militar com base na decisão da Venezuela.