Título: Governo culpa distribuidoras por falhas no abastecimento
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2007, Economia, p. B5

Segundo ministro, empresas venderam mais gás do que podem entregar

O governo atribuiu ontem às distribuidoras de gás natural a responsabilidade pelos problemas no fornecimento do combustível aos mercados do Rio de Janeiro e de São Paulo. ¿A culpa é das distribuidoras¿, disse o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner. Segundo ele, as empresas venderam aos seus mercados mais gás do que haviam contratado com a Petrobrás.

Hubner disse que a estatal já vinha avisando as distribuidoras que o fornecimento de gás acima do volume contratado poderia ser comprometido quando as usinas termoelétricas movidas a gás natural tivessem de ser acionadas, o que acabou acontecendo, para poupar os reservatórios das hidrelétricas no fim do período da seca.

¿Há gás suficiente para cumprir o termo de compromisso da Petrobrás com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e para os contratos fechados com as distribuidoras¿, disse o ministro interino.

O corte do fornecimento, no entanto, preocupou o governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou Hubner para uma reunião, no fim da tarde de ontem, no Palácio do Planalto, da qual participaram também a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima.

Oficialmente, o governo anunciou que a reunião foi convocada para Lima fazer um balanço de sua gestão na ANP, uma vez que seu mandato está terminando. Recentemente, o Planalto enviou uma mensagem ao Senado indicando Lima para ser reconduzido ao cargo.

Nos bastidores, porém, a informação é de que o tema da reunião foi o problema no fornecimento de gás. A ministra Dilma, que estava com problemas médicos, teria até mesmo antecipado em um dia seu retorno ao trabalho para tratar da questão. Haroldo Lima, por sua vez, cancelou um compromisso em São Paulo para atender ao chamado do presidente.

TÉRMICAS

Em maio deste ano, a Petrobrás fechou acordo com a Aneel pelo qual se comprometeu com um cronograma para ampliar o fornecimento de gás a 22 usinas termoelétricas, aumentando a disponibilidade de geração delas de 2.200 megawatts (MW) médios neste ano para cerca de 6,7 mil MW médios em 2011. A Petrobrás está sujeita a multas caso não cumpra esse cronograma.

A Aneel e a Petrobrás fecharam esse acordo depois que a agência constatou que, por falta de gás, algumas termoelétricas não estavam conseguindo gerar a energia solicitada pelo Operado Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Nelson Hubner afirmou também que a redução no fornecimento do gás ¿não é um problema estrutural¿ e não há riscos de falta de energia, pois ¿as termoelétricas estão gerando¿.

De acordo com o ministro, uma solução possível para o problema seria as distribuidoras fecharem contratos que possam ser interrompidos com os seus clientes quando estiverem comercializando o gás adicional, uma vez que esse gás a mais acabará sendo deslocado para as termoelétricas quando elas precisarem.

O ministro afirmou ainda que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) relacionadas à expansão da produção brasileira de gás natural estão andando bem.

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