Título: Perdigão planeja fazer novas aquisições
Autor: Junior, Nilson Brandao
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2007, Negocios, p. B22
Segundo um dos principais acionistas, a empresa terá `atitude arrojada¿
Agnaldo Brito e Monica Ciarelli
A Perdigão deu ontem um importante passo para se consolidar de vez entre as grandes companhias mundiais de alimentos. Com a compra da Eleva, um negócio que pode chegar a R$ 1,7 bilhão, a empresa torna mais difíceis as chances de ser surpreendida por uma oferta de compra como a que foi feita no ano passado pela rival Sadia. Na ocasião, os acionistas da Perdigão recusaram uma oferta de R$ 3,88 bilhões.
A aquisição da Eleva, negócio que será pago com a emissão de 40 milhões de ações em 2008, torna a Perdigão, além disso, uma potencial compradora no mercado mundial. Segundo Wagner Pinheiro, presidente da Fundação Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, segundo maior sócio da Perdigão), ao se tornar líder nos mercados de aves e lácteos no Brasil, as perspectivas mudam completamente. Para Pinheiro, só uma companhia internacional tem condições agora de fazer uma oferta pela empresa.
¿A Perdigão caminha para ser uma nova Vale, uma companhia brasileira de tamanho internacional¿, afirmou o presidente do fundo. Segundo ele, o caminho natural é a Perdigão seguir os passos da mineradora e buscar um crescimento por meio de aquisições no Brasil e também no exterior. ¿No cenário atual, a empresa precisa ter uma atitude arrojada. Ou ela consolida o setor ou ela será consolidada¿, previu.
Segundo ele, a empresa não será um alvo fácil para multinacionais. Isso porque, em seu estatuto existe uma ¿poison pill¿, cláusula que obriga o investidor interessado em adquirir mais de 20% do capital da companhia a fazer uma oferta pelo restante dos papéis da Perdigão em circulação.
De acordo com Nildemar Secches, diretor-presidente da Perdigão, a companhia manterá os planos de investimento e de aquisições. Além de ter ingressado no setor de lácteos - posição que será reforçada agora com a incorporação da Elegê (a marca processadora de leite da Eleva) -, Secches afirma que tem um projeto para construção ou aquisição de mais um frigorífico para abate de bovinos no Brasil.
A empresa comprou uma unidade em Mirassol D¿Oeste (MT) por R$ 100 milhões e tem planos para crescer neste mercado. ¿Ainda não temos nada definido, mas os planos que tínhamos antes da compra da Eleva continuam¿, disse Secches. Os planos estavam sendo bancados por uma emissão de ações de R$ 800 milhões. Até agora, segundo a direção da Perdigão, já foram gastos R$ 566 milhões (na compra do frigorífico de Mirassol, na compra das marcas de margarina da Unilever e na aquisição de uma processadora de carnes na Europa).
A empresa anunciou que gastará R$ 280 milhões na construção da maior unidade de processamento de leite e aves no nordeste. A unidade ficará na cidade de Bom Conselho (PE).
OPERAÇÃO
A companhia aproveitou o bom momento do mercado de capitais para comprar o controle da Eleva Alimentos. A aquisição será custeada com nova emissão da Perdigão. Isso deve provocar uma pequena diluição do controle. A Previ, maior acionista, deve ter reduzida a participação de 15,68% para 14,16%. A Petros terá 10,87%. Antes tinha 12,04%.
A liquidação da operação ocorrerá em duas etapas. O primeiro lote, de 20 milhões, pagará R$ 773,7 milhões até fim do ano, sendo cerca de R$ 600 milhões aos acionistas controladores. O restante da operação será bancado com os recursos que sobrarem da primeira emissão mais o valor que será levantado na segunda emissão, também de 20 milhões de ações.
Os acionistas minoritários da Eleva terão duas opções: ou vendem as ações pelo preço de R$ 25,81 por ação (mesmo valor pago ao acionista controlador da Eleva), ou trocam suas ações pelas da Perdigão na relação de 1,7 por 1.
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