Título: Região oeste é o foco dos problemas agrários no PR
Autor: Ogliari, Elder., Lacerda, Angela
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2007, Nacional, p. A13

Cascavel - O embate entre seguranças e sem-terra, domingo, que causou duas mortes e deixou oito feridos na fazenda da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (PR), era uma tragédia anunciada diante da histórica tensão no oeste paranaense. A região deu origem ao Movimento dos Sem-Terra (MST) em Cascavel, em 1984, e concentra 12 acampamentos de trabalhadores rurais com cerca de 3,5 mil pessoas, segundo o MST.

¿O oeste do Estado concentra os problemas agrários do Paraná¿, afirmou Fiorinda Martins Moreira Pezzatto, chefe da Unidade Avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Cascavel. ¿Nossa maior dificuldade é adquirir áreas para reforma agrária por causa da burocracia e da falta de legalização das propriedades¿, explicou.

A pressão dos movimentos sociais contra o Incra é constante. Os ruralistas também pressionam os movimentos sociais. Há dois anos o presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, iniciou a política do revide: a cada invasão uma reação.

Ontem a polícia ouviu os depoimentos dos líderes do MST e da Via Campesina, Celso Ribeiro Barbosa e Célia Aparecida Lourenço. Segundo eles, durante a ocupação, seis seguranças foram rendidos e suas armas apreendidas pelos sem-terra. Também disseram que o grupo foi liberado logo depois e afirmaram que entre 30 e 40 seguranças atiraram contra os sem-terra. Sete seguranças continuam presos. O proprietário da NF Segurança foi indiciado.

A Syngenta disse que espera a saída espontânea dos invasores. Integrante do MST disse que não há intenção de deixar o local.