Título: Paulson quer mais concessões na OMC
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2007, Economia, p. B12

Para secretário dos EUA, chave para Doha será acesso a mercados

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, disse ontem que um acordo comercial global na Rodada Doha 'ainda está bastante ao alcance', mas os países em desenvolvimento precisam fazer mais concessões. 'A chave para Doha será o acesso aos mercados' de países como a Índia e o Brasil, acrescentou.

Paulson viaja para a Índia nos próximos dias e disse entender a necessidade desse país de conceder subsídios ao setor agrícola. Ele também pediu que os Estados Unidos não sejam considerados culpados caso as conversações fracassem e reafirmou que o governo do presidente George w. Bush 'se moveu e mostrou disposição para mudar posições' durante as negociações recentes.

Segundo o secretário, outros países têm reclamado dos subsídios agrícolas americanos porque o resto da economia dos Estados Unidos é muito aberto. 'Se não concluirmos um acordo, isso não terá nada a ver com os subsídios agrícolas nos EUA', declarou. Referindo-se à questão do câmbio, Paulson reiterou que a China precisa acelerar a valorização do yuan em relação ao dólar, mas ressalvou que o caso da Índia é diferente, porque o país está em um estágio de desenvolvimento diferente do da China.

De acordo com Paulson, a Índia precisa abrir sua economia aos investimentos externos para ajudar a financiar seu crescimento, em vez de restringir os fluxos de capital para o país. 'As restrições administrativas aos fluxos de capital são instrumentos irregulares e podem ter conseqüências imprevistas', disse Paulson em comentários preparados para um discurso no Conselho de Relações Exteriores antes da viagem à Índia.'Tendem a dificultar a eficiência e perdem sua efetividade com o tempo', acrescentou. 'Estimulo a Índia a continuar com a liberalização dessas restrições.'

Paulson chegará à Índia no domingo e se reunirá em Mumbai e Nova Delhi com o ministro de Finanças Palaniappan Chidambaram e outros altos funcionários antes de regressar a Washington na próxima quarta-feira.

O secretário do Tesouro disse que Washington entende a preocupação da Índia de que o aumento dos fluxos de capital poderia somar-se às pressões inflacionárias ou fazer com que o câmbio de sua moeda seja mais volátil, e acrescentou que o país se encontra no caminho correto.

'A Índia permitiu uma maior flexibilidade em seu tipo de câmbio nos últimos meses, e a valorização da rúpia ajudou a reduzir as pressões inflacionárias', destacou Paulson, ressalvando que o país ainda deve fazer mais para reduzir as restrições.

O secretário do Tesouro destacou que a Índia pretende gastar US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos para construir infra-estrutura como plantas energéticas, e disse que isso seria facilitado se houver a participação do setor privado.

'O governo pode fazer mais para fomentar essa investimento privado estabelecendo regras de investimento e de finanças mais amigáveis', afirmou. 'As limitações ao capital dificultarão a obtenção de investimentos para a infra-estrutura.'