Título: PF prende 6 doleiros de bando suspeito de lavar dinheiro
Autor: Pereira, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2007, Metropole, p. C3

Esquema utilizava pessoas que vivem no exterior e decidem enviar dinheiro para a família no Brasil

A Polícia Federal prendeu ontem seis integrantes de uma quadrilha de doleiros especializada em lavar dinheiro, auxiliar empresas no contrabando e na aplicação de fraudes fiscais, além de trazer ilegalmente dinheiro de imigrantes brasileiros que trabalham nos Estados Unidos. A operação foi chamada de X9 - denominação de dedo-duro no jargão do crime, porque as investigações partiram de um e-mail anônimo à PF.

Os doleiros mantinham contas no Brasil e no exterior para fazer as transações por compensação, burlando o controle do Banco Central. Empresas de eletroeletrônicos do Brasil utilizavam o serviço para pagar a fornecedores no exterior a diferença de produtos importados subfaturados. As investigações rastrearam movimentações de US$ 25 mil, US$ 100 mil e 22,5 mil de uma empresa de fachada de Barueri para os Estados Unidos em um único dia.

Segundo o chefe da Delegacia de Crimes Financeiros da PF em São Paulo, Ricardo Saadi, as empresas declaravam valores até 80% menores do que o real ao fisco. Por vezes os produtos eram simplesmente contrabandeados, sem pagar tributos.

O esquema contava também com brasileiros que moram no exterior e mandam ajuda para os parentes no Brasil - um dos presos atuava em Governador Valadares, cidade mineira conhecida pela migração de mão-de-obra. No sistema formal, há a cobrança de imposto de 27,5% sobre o valor transferido e a quadrilha cobrava entre US$ 50 e US$ 100 para burlar o fisco.

PENA

Na operação foram apreendidos mais de R$ 600 mil, além de dólares, euros, 8 veículos, notebooks e outros eletrônicos. ¿Agora, vamos atrás de quem alimenta esse mercado. Não adianta prender só o doleiro porque ele volta ou vem outro em seu lugar¿, explicou Saadi. Os doleiros serão indiciados por sonegação, evasão, quadrilha e lavagem de dinheiro, com pena prevista de 7 anos a 24 anos de prisão e multa.

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