Título: Tarso não teme impacto político
Autor: Godoy, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2007, Economia, p. B8
Ministro diz que inquérito segue mesmo que atinja PT
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que o governo não está preocupado com o impacto político do inquérito da Operação Persona. Ele disse que as investigações prosseguirão, se assim a Justiça decidir, independente de atingir ou não o seu partido, o PT. Deflagrada no último dia 16, a operação desmantelou um esquema gigantesco de fraudes em importações de produtos da multinacional americana Cisco.
Escutas telefônicas de alguns envolvidos fazem referência a uma 'doação' de R$ 500 mil ao PT em troca de favorecimento em uma licitação da Caixa Econômica Federal. Tarso disse que a PF não se subordina a qualquer interesse político ou econômico. ¿Não tenho avaliação do impacto político, a orientação da PF é que os fatos paralelos que aparecem devem ser separados para se abrir inquérito e investigar¿, disse o ministro. E avisou: ¿A PF vai investigar seja de quem for (a suspeita de doação) e para quem for¿. As fraudes teriam causado prejuízo de R$ 1,5 bilhão ao governo.
O governo e suas grandes estatais, como a Caixa, o sistema bancário e os principais conglomerados empresariais do País compram produtos da multinacional. Para a polícia, a citação da doação por si só não traz um elo de causa e efeito entre a vitória de algum dos fornecedores de produtos da Cisco com o pagamento de propina ao partido.
Segundo os investigadores, as referências à palavra doação nos diálogos interceptados com autorização judicial partem dos executivos Carlos Carnevali, introdutor da Cisco no Brasil, José Roberto Pernomian e Fernando Grecco, presos na operação. Eles tiveram suas prisões preventivas decretadas.
Para investigar a hipótese de caixa dois, a PF depende de determinação judicial, o que só deve ocorrer ao fim do inquérito, em cerca de dois meses, caso a Justiça e a procuradoria encontrarem novos elementos para aprofundar o assunto. Se assim entender, a Justiça Federal de São Paulo desmembrará o inquérito do caso e determinará a abertura de nova investigação, em Brasília, sede da Caixa.
A Receita informou que levará alguns meses até a aplicar multas nas empresas envolvidas no esquema. No momento, os fiscais se concentram na análise de documentos da Cisco e das empresas ¿laranjas¿ ligadas a ela. Numa segunda etapa, a fiscalização será estendida às empresas que adquiriram produtos do esquema.
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