Título: Grupo espanhol quer importar o combustível
Autor: Pamplona, Nicola; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2007, Economia, p. B4

GasNatural pretende montar um terminal para regaseificar o combustível importado

Kelly Lima e Nicola Pamplona

O grupo espanhol GasNatural, que controla a distribuição de gás encanado no Rio e no sul de São Paulo, está estudando a possibilidade de construir um terminal de regaseificação de GNL (Gás Natural Liquefeito) no País. A idéia, segundo o presidente da distribuidora fluminense CEG, Bruno Armbrust, é aumentar a oferta do combustível para atender à demanda crescente no Estado do Rio. ¿O Grupo GasNatural é um dos maiores do mundo em operações com GNL¿, afirmou Armbrust, lembrando que o grupo teria condições de construir e operar o terminal.

A CEG foi a empresa mais afetada pelo desvio de gás da Petrobrás para termoelétricas, iniciado na terça-feira. Naquele dia, teve de interromper o fornecimento para 89 postos de gás natural veicular (GNV), além de reduzir as entregas para clientes industriais. Segundo Armbrust, a companhia vem encontrando dificuldades em colocar em contrato volumes excedentes, que vem comprando da Petrobrás desde 2005.

O presidente da CEG afirmou que ainda não há definição se o terminal de regaseificação será fixo ou móvel. O dois terminais que a Petrobrás planeja instalar na Baía da Guanabara e no Porto de Pecém, por exemplo, são móveis, dois navios que podem eventualmente ser transportados para outros locais. ¿Um investimento desse porte só seria viável se o governo garantisse rentabilidade para quando a planta estivesse ociosa. Precisamos de remuneração permanente¿ explicou.

Outro ponto fundamental, disse Armbrust, seria a definição da Lei do Gás, que daria o arcabouço regulatório necessário para estruturar esta operação. Segundo o executivo, uma segunda opção para a GasNatural seria a utilização do terminal que a Petrobrás planeja instalar no Rio.

¿Já estamos conversando com a estatal, mas ainda não temos nenhum memorando firmado, ou nenhuma decisão certa já tomada¿, disse. A unidade terá capacidade para regaseificar 14 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Armbrust e o secretário estadual de Desenvolvimento, Júlio Bueno, criticaram a maneira pela qual a Petrobrás realizou os cortes.

Segundo eles, a distribuidora só foi notificada oficialmente na manhã de terça-feira e não teve tempo para pôr em prática um programa de contingência, o que provocou o fechamento dos postos. Em entrevista anteontem, diretores da Petrobrás afirmaram que as duas distribuidoras vinham sendo alertadas há quatro meses sobre o risco. A Comgás lançou um plano de contingência que mitigou os efeitos do corte. Mas o presidente da CEG disse que no Rio, ao contrário de São Paulo, a maioria das indústrias não opera de forma conversível, a gás e óleo diesel.

Para o presidente da agência reguladora estadual, José Cláudio Murat Ibrahim, a queda abrupta de pressão na rede pode ter colocado em risco as tubulações. Bueno apresentou um plano de contingência que será implementado caso a Petrobrás derrube a liminar que restabeleceu o suprimento de gás.

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