Título: Novo nº 1 do FMI promete reformas
Autor: EFE
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2007, Economia, p. B5

trauss-Kahn toma posse e diz que `irá mais longe e mais rápido¿

O francês Dominique Strauss-Kahn tomou posse ontem na direção-geral do Fundo Monetário Internacional, prometendo uma renovação mais profunda de seus órgãos de poder e de suas atribuições para adaptá-lo aos novos tempos. Ex-ministro de Economia e Finanças da França e ex-pré-candidato do Partido Socialista à Presidência do país, ele substituiu o espanhol Rodrigo de Rato no cargo máximo do Fundo, com sede em Washington.

¿Me defini durante a campanha como o candidato da reforma; portanto, fui eleito para a reforma, partindo do que Rodrigo de Rato fez durante os últimos anos. Mas irei mais longe e mais rápido na reforma da instituição¿, disse Strauss-Kahn. ¿O mandato da instituição não mudou, ao contrário do mundo, que o fez de forma espetacular¿, acrescentou o francês em seu novo escritório, onde foi recebido pelo vice-diretor-gerente do FMI, o americano John Lipsky, o mesmo do mandato de Rato.

A peça fundamental dessa reforma é uma redistribuição de votos em favor dos países emergentes que cresceram mais do que o resto do mundo nas últimas décadas, como China, Coréia do Sul, Turquia e México.

Esse projeto esbarra na oposição de países com representação excessiva no Fundo, principalmente nações européias pequenas como Holanda ou Dinamarca, que se recusam a ceder parte de seu poder.

Ao receber o cargo de diretor-geral, Strauss-Kahn disse dar crédito a Rato por ter iniciado reformas ¿extremamente necessárias¿. No entanto, analistas e governos de países em desenvolvimento criticaram o espanhol por querer uma mudança muito modesta e não pressionar suficientemente os países que impõem barreiras.

Strauss-Kahn prometeu mais, mas pode sofrer com a oposição da própria França e do Reino Unido. Uma redistribuição de 5% dos votos pode fazer com que a China adquira mais poder no FMI do que essas duas nações, segundo fontes do Conselho Executivo, que representa os países-membros.

A América Latina também é um campo minado para Strauss-Kahn, pois o continente pode perder cadeiras na nova distribuição, uma vez que cresceu pouco nas últimas décadas em comparação ao resto do mundo. A maioria dos países sul-americanos apostou no Banco do Sul como alternativa a Washington, sendo que Brasil e Venezuela falam de um possível fundo monetário regional.

CRISE

Além disso, Strauss-Kahn herda um FMI com uma crise de identidade sobre seu papel no mundo. Enquanto isso, Rato, o homem que começou as reformas e as deixou pela metade, desaparecia nos corredores do Fundo, sob as 185 bandeiras dos países-membros do organismo. O espanhol anunciou em junho que abandonaria a instituição ¿por razões pessoais¿ e não disse o que fará de agora em adiante.

Links Patrocinados