Título: Grupo de senadores quer barrar negociações
Autor: Domingos, João., Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2007, Nacional, p. A4

Tucanos Álvaro Dias, Papaléo Paes e Mário Couto lideram resistência

Contrário às negociações de seu partido com o governo para aprovar a emenda que prorroga a CPMF, um grupo de senadores tucanos pretende barrá-las. Álvaro Dias (PR) vai pedir aos dirigentes do PSDB, na reunião de hoje da Executiva Nacional, que revejam a decisão de apoiar a emenda em troca de medidas que amenizem o impacto da cobrança do imposto.

Dias foi apoiado pelos colegas tucanos Papaléo Paes (AP) e Mário Couto (PA), além dos senadores José Agripino (DEM-RN) e Mão Santa (PMDB-PI).

Paes e Couto anunciaram que vão votar contra a prorrogação. ¿O País necessita diminuir a carga tributária que garroteia nossa economia e inviabiliza a geração de empregos¿, defendeu Paes. ¿O certo é que temos de decidir isso de uma vez por todas, sabendo que nunca o governo vai aceitar a proposta do PSDB¿, defendeu Couto.

Álvaro Dias disse que mais da metade da bancada de 13 senadores do partido resiste a fechar um acordo com o governo. Para o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), a situação mostra que a negociação com os tucanos não será nada fácil. ¿Houve um endurecimento do PSDB porque a pressão das bases partidárias é muito grande¿, afirmou. ¿O governo terá um pouco mais de dificuldade para construir o entendimento no Senado.¿

FIASCO

Dias explicou que tem três argumentos para sustentar sua posição. O principal, segundo ele, é não acreditar que desta vez o Planalto vá cumprir o que combinar com os senadores. O senador afirmou que o fiasco da negociação na votação da reforma tributária no Senado, há dois anos, esvazia todas as possibilidades de acreditar que desta vez o acordo é para valer. ¿O partido não deve negociar com o governo Lula porque estamos escaldados¿, alegou. ¿Em outras oportunidades houve entendimento, mas não respeito aos compromissos assumidos.¿

Paes endossou a comparação, ao dizer que nenhuma das promessas feitas em 2003 para prorrogar a CPMF foi respeitada pelo governo. ¿Muito pelo contrário, aumentou a carga tributária e está querendo manter esta maldita CPMF, que significa um verdadeiro confisco.¿

Couto cobrou do governo Lula o fim da ¿irresponsabilidade¿, quando afirma que pobre não paga CPMF. ¿E a população brasileira como é que fica? Espero que aqui no Senado (a CPMF) não aconteça.¿

Na opinião de Dias, assegurar os R$ 40 bilhões da CPMF significa, na prática, estimular o ¿abuso¿ nos gastos públicos e engavetar a reforma tributária. O senador previu que o recuo do PSDB pode levar o governo a desistir até da idéia de tornar a contribuição definitiva e reduzir a prorrogação a apenas um ano, enquanto avança com a reforma tributária.

¿Não tenho dúvida de que o governo está errando¿, disse. ¿O governo que gasta exageradamente, que é perdulário, que não adota nenhum mecanismo de controle de gastos não pode continuar exigindo sacrifícios da população a pretexto de tapar os buracos abertos pela incompetência de gerenciamento e pela corrupção que, anualmente, assalta milhões dos cofres públicos do Brasil.¿