Título: Eros Grau desiste de processar Lewandowski
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2007, Nacional, p. A10

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau desistiu de processar o colega Ricardo Lewandowski por crime contra a honra. No primeiro dia de julgamento do caso do mensalão, em agosto passado, Lewandowski, em troca de mensagens eletrônicas com a ministra Cármen Lúcia, afirmou que Grau votaria a favor dos acusados no escândalo para que o governo indicasse um amigo seu do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a vaga aberta no Supremo com a aposentadoria do ministro Sepúlveda Pertence.

No diálogo, flagrado por um fotógrafo, Grau era tratado como ¿cupido¿. ¿Vou repetir: me foi dito pelo Cupido que vai votar pelo não recebimento da den. (denúncia), entendeu?¿, escreveu Cármen, pelo sistema interno de mensagens do Supremo. Lewandowski respondeu: ¿Ah. Agora, sim. Isso só corrobora que houve uma troca. Isso quer dizer que o resultado desse julgamento era realmente importante¿.

Ao ficar sabendo da conversa, Grau criticou a atitude do colega, avisando que entraria com processo. Há duas semanas, Lewandowski recuou e enviou uma carta para Grau, na qual nega que o tenha acusado de combinar o voto no julgamento com o governo. Na correspondência, ele afirmou, de acordo com relato de Grau, que nunca duvidou da ¿competência, honorabilidade e idoneidade¿ do colega.

Além disso, Lewandowski não poderia ser processado com base nas informações publicadas pela imprensa. De acordo com o próprio Grau, configuraria quebra de sigilo. ¿A ofensa não pode ser provada por algo ilícito, como foi a quebra do sigilo¿, alegou.

Apesar de dar o caso por encerrado, Grau indicou que Lewandowski continua a ser um desafeto. ¿Não temos nos falado. Certamente não sairei com ele para almoçar, mas não sou mal-educado.¿

Grau votou a favor da denúncia do mensalão, ao contrário da suspeita dos colegas. Lewandowski seguiu a mesma linha, só rejeitando denúncia por formação de quadrilha contra o ex-deputado José Dirceu e integrantes do PP. Para a vaga de Sepúlveda foi indicado o ministro do Superior Tribunal de Justiça Carlos Alberto Direito.