Título: Petrobrás inicia hoje as discussões
Autor: Pamplona, Nicola., Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2007, Economia, p. B3

Presidente e diretores da estatal vão tratar de novos investimentos no país, suspensos após a nacionalização

Uma comitiva da Petrobrás, comandada pelo seu presidente, José Sérgio Gabrielli, se reúne hoje em La Paz com representantes da área de petróleo e gás da Bolívia, em mais uma tentativa de reaproximação após a reestatização dos ativos da estatal brasileira feita pelo governo Evo Morales. O objetivo é preparar uma agenda para a reunião entre Evo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 12 de dezembro.

La Paz quer aproveitar o momento crítico do setor de gás no Brasil para reaver investimentos suspensos pela Petrobrás. A comitiva é formada também pela diretora de Gás, Graça Foster, e pelo diretor de Internacional, Nestor Cerveró. Gabrielli, que deveria ter desembarcado ontem mesmo em La Paz, adiou sua viagem para participar de uma reunião com Lula na noite de ontem.

A negociação na Bolívia envolverá as garantias da YPFB e do Ministério dos Hidrocarbonetos, sem as quais a Petrobrás não injetará novos recursos no país. Se houver sucesso, o caminho estará cimentado para um acordo mais amplo, que tenderá a abrandar a influência da Venezuela. Segundo um ministro de Lula, Evo se deu conta de que não pode deixar o principal setor econômico do país à mercê de Hugo Chávez e optou pela reaproximação com o Brasil.

O ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, esteve no Brasil há duas semanas para iniciar a reaproximação. Ele se reuniu com Gabrielli e o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner. Uma fonte da empresa informou ao Estado que o encontro foi cordial, mas não houve avanço em projetos específicos. ¿Eles querem voltar a conversar.¿ É a primeira vez que o presidente da Petrobrás vai à Bolívia desde o decreto de nacionalização, em maio de 2006.

Segundo fontes da diplomacia brasileira, a reunião de hoje também não tem como objetivo definir projetos. A idéia é aprofundar as conversas sobre cooperação na área energética.

A Bolívia está no limite da capacidade de produção e não vê perspectivas de investimentos para cumprir os novos contratos de exportação à Argentina. Na visão do Itamaraty, o governo Evo deu sinais de que não haverá novos sustos e, por isso, é novamente uma alternativa para suprir o País.

¿Existe uma necessidade de gás bastante evidente (do Brasil). O cliente natural da Bolívia (para o gás) é o Brasil¿, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ontem no Rio.