Título: Reverter essa disposição é difícil
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2007, Nacional, p. A6

Senador diz que CPMF é ¿página virada¿ para os tucanos e não vê ¿nenhum arranhão¿ na imagem da legenda nesse episódio

Voto vencido na reunião em que 9 dos 13 senadores da bancada do PSDB decidiram encerrar a negociação com o governo sobre a CPMF, o presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati (CE), avaliou que hoje a contribuição é ¿página virada¿ para os tucanos. Ele acredita que o governo Lula ainda pode tentar alguma saída, nos próximos 30 a 40 dias de debate em torno de uma questão ¿tão grave para o País¿. Em entrevista ao Estado, no entanto, Tasso afirmou que é muito difícil reverter a decisão da legenda de votar contra a CPMF no Senado.

Como o PSDB sai dessa negociação com o governo?

O partido está fazendo tudo de acordo com sua tradição, de ser altamente reflexivo e responsável nas decisões, sempre levando em conta os interesses do País. Nós não tomamos decisões emocionais. O muro que imputam ao PSDB é o muro do debate, da responsabilidade e da democracia interna.

Dirigentes dizem que foi muito ruim a repercussão da foto de tucanos negociando com o governo...

Um partido forte como o PSDB, que é um partido que pensa, não pode ser julgado por uma foto nem pelas emoções do momento. Não vejo nenhum arranhão na imagem do partido neste episódio e creio que seremos compreendidos. A médio prazo, a razão sempre está conosco.

Mas o partido foi criticado em vários episódios, inclusive por ter apoiado o PT na disputa pela presidência da Câmara.

O único erro do PSDB foi se dividir na eleição do Arlindo Chinaglia (PT-SP). No restante, não. Jamais seremos um partido raivoso, do quanto pior melhor, que age com o fígado. E temos outra característica: o PSDB não tem dono. As decisões são tomadas em conjunto.

O senhor acha que a CPMF é página virada para o PSDB?

Eu considero página virada, mas não posso dizer que não aconteça alguma coisa em 30, 40 dias de discussão de um assunto tão grave para o País. O governo foi infeliz quando não negociou a CPMF na Câmara e inviabilizou qualquer emenda no Senado. Demonstrou arrogância e prepotência. A bancada federal, que no início quis dialogar, ficou muito irritada. Foram dois erros crassos e o governo ainda cometeu o terceiro, quando apresentou uma proposta chocha para negociar com os senadores e também irritou parte da bancada. Hoje reverter essa disposição do partido é muito difícil.

Se os deputados tucanos votaram contra a CPMF, com respaldo da Executiva, por que os senadores não seguiram essa orientação?

Houve sim uma posição da Executiva Nacional, que os senadores não ignoraram. Quando o governo colocou na Câmara que era tudo ou nada, o PSDB disse nada. Não há nenhuma dúvida sobre isso. Se o governo viesse ao Senado com a mesma posição, seria nada aqui também. Ninguém defendeu o voto a favor da CPMF. O que defendemos, a partir da abertura do governo para a negociação, foi o diálogo.

Quem é: Tasso Jereissati

Senador pelo Ceará, eleito em 2002, ele é presidente nacional do PSDB.

No Senado, é titular das Comissões de Assuntos

Econômicos e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Governou o Ceará três vezes. Seu primeiro mandato foi de 1987 a 1991. Foi eleito de novo para o cargo em 1994 e reeleito em 1998.