Título: PSDB pode fechar questão contra imposto do cheque
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2007, Nacional, p. A6

O PSDB pode fechar questão contra a CPMF, para evitar o cenário que seus dirigentes consideram o ¿pior dos mundos¿: o governo conseguir prorrogar a contribuição até 2011, com o voto favorável de um ou dois senadores do partido. A avaliação geral, tanto na bancada da Câmara, que votou em bloco contra o imposto, como entre os senadores, é que se algum tucano ajudar o Planalto o PSDB é que será responsabilizado pela aprovação da CPMF, livrando o presidente Lula e seus aliados de qualquer desgaste.

Anteontem, a bancada tucana no Senado decidiu, por 9 votos a 4, encerrar as negociações com o governo. Mas só a Executiva Nacional do PSDB pode fechar questão e obrigar seus parlamentares a seguirem a orientação, sob pena de serem punidos até com expulsão. ¿O fechamento de questão tende a acontecer, independentemente de qualquer ameaça de dissidência favorável à CPMF no Senado, porque a repercussão foi grande demais e a questão fechada até dá segurança para todo mundo votar¿, avalia o deputado José Aníbal (SP), que, como ex-presidente do PSDB, é membro nato da Executiva.

Nos bastidores do partido há o temor de que pelo menos um dos quatro tucanos que se manifestaram contra o encerramento da negociação com o governo acabe votando a favor da emenda da CPMF. Trata-se da senadora Lúcia Vânia (GO), que vive às turras com o colega de bancada Marconi Perillo (GO).

Segundo um senador que acompanha a disputa, ela admitia buscar apoio do governo federal para garantir espaço na política goiana. Ontem, Perillo subiu à tribuna e fez um discurso citando 45 razões para votar contra a CPMF - o número é o mesmo que identifica o PSDB nas disputas eleitorais.

Apesar da querela, o senador Sérgio Guerra (PE), que deve ser eleito presidente da legenda em duas semanas, diz que nunca foi preciso recorrer ao fechamento de questão no Senado e aposta que os 13 tucanos votarão unidos contra a CPMF.

Os senadores que, como Guerra, mantêm a aposta na unidade da bancada levam em conta a falta de alternativa dos descontentes. Afinal, lembram todos, desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestou a favor da fidelidade, definindo que os mandatos pertencem às legendas, e não aos eleitos, não há saída a não ser acompanhar as decisões partidárias.

A despeito de o PSDB e o DEM somarem 27 senadores e de não ser fácil reunir os 49 votos necessários para aprovar a CPMF, dirigentes tucanos avaliam nos bastidores que o governo tem mais chance de aprovar a proposta do que a oposição tem de rejeitá-la.

O caminho para conquistar votos é o balcão de negociações. Tanto é assim que um importante dirigente nacional do PT procurou um líder do PSDB ontem para mais um apelo em favor da continuidade do diálogo.

¿O assunto CPMF está encerrado porque o governo não teve capacidade operacional para produzir uma proposta convincente que nos levasse a votar a CPMF¿, avalia Guerra. ¿A negociação com o PSDB seria para ajudar o contribuinte, diminuindo a quantidade de impostos que ele paga, mas a negociação que o governo fará com os dissidentes da base aliada é outra. Desta vez, o contribuinte pode ter de pagar duas vezes.¿