Título: Sem-terra fecham ferrovia e depredam dois trens da Vale
Autor: Mendes, Carlos., Lima, Kelly., Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2007, Nacional, p. A17

Em ação no Pará, MST ainda fez quatro reféns, liberados no início da tarde

Belém - Pela segunda vez em menos de 30 dias o Movimento dos Sem-Terra (MST) ocupou a Ferrovia de Carajás, no sudeste do Pará, que pertence à Companhia Vale do Rio Doce. Armados de picaretas, foices e facões, sem-terra bloquearam a saída de trens e depredaram duas locomotivas. Quatro funcionários foram mantidos reféns e liberados no começo da tarde.

A Vale suspendeu as operações na ferrovia e pediu a intervenção do Ministério da Justiça e da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), para que seja cumprida liminar da Justiça Federal de retirada dos invasores. A liminar foi dada em 17 de outubro, na primeira invasão.

Charles Trocate, coordenador do MST, disse que os invasores pretendem continuar no local até que os governos federal e estadual atendam às suas reivindicações - entre elas, a construção de escolas e o asfaltamento de estradas vicinais de acesso a assentamentos. Segundo ele, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, entrou em contato com as lideranças do MST e pediu tempo para avaliar as reivindicações, mas os manifestantes não aceitaram. O MST decidiu que só aceita negociar com a presença das autoridades no local.

A Vale anunciou ter registrado queixa na Polícia Civil do Pará acusando integrantes do MST de ameaçar atear fogo a uma composição ferroviária com 20 mil litros de combustível. Em nota, a empresa expressou preocupação com a segurança de mulheres e crianças que participam do movimento.

A Vale ressalta que as reivindicações do MST não tem relação com a empresa e ¿cabe aos governos estadual e federal a condução do processo de negociação¿.